sexta-feira, 28 de maio de 2010

A ler

Amaral (Freitas) & Amaral (Ferreira) e o empobrecimento do país
Freitas do Amaral e João Ferreira do Amaral atiraram-se ao euro porque nos torna menos competitivos. O ex-ministro sugere também uma coligação do "Sun belt"+Irlanda para evitar que a Alemanha aperte a "trela" aos países gastadores (limites à despesa...

Freitas do Amaral e João Ferreira do Amaral atiraram-se ao euro porque nos torna menos competitivos. O ex-ministro sugere também uma coligação do "Sun belt"+Irlanda para evitar que a Alemanha aperte a "trela" aos países gastadores (limites à despesa e sanções agravadas).

Ferreira do Amaral diz que o euro destrói a competitividade ("Antes podíamos desvalorizar para ganhar competitividade e impedir a destruição de sectores produtivos") e vaticina que mais austeridade= mais ataques especulativos. Diz também que se estivéssemos fora do euro não seríamos afectados pela tempestade financeira (como aconteceu à Suécia e Dinamarca).

Valha-nos Nossa Senhora. Nenhum destes ilustres académicos percebe que a perda de competitividade não é culpa do euro, mas de não fazermos o trabalho de casa (v.g. salários que crescem acima da produtividade)? Dizer que a desvalorização garante competitividade é uma boutade que, vá lá, se desculpa a Freitas do Amaral (professor de Direito). Mas a Ferreira do Amaral, professor de Economia, apetece lembrar que desvalorização significa empobrecimento do país e destruição (pela subida da inflação) do poder de compra das classes desfavorecidas e que Suécia e Dinamarca só escaparam ao furacão financeiro porque têm as finanças em ordem. Já nós…

A Freitas do Amaral vale a pena recordar que o aperto da "trela", imposto pela Alemanha, é do nosso próprio interesse. Se gastarmos menos (nós e o "Sun belt"), sairemos do radar dos especuladores e os alemães terão menos vontade de sair do euro, largando-nos aos cães.

Camilo Lourenço

terça-feira, 18 de maio de 2010

Há cartoons que valem por mil palavras















via O Insurgente

Thinking out of the box: Algumas propostas para Sócrates

Uma alternativa fiscal para responder à crise

Excelente ensaio de Ricardo Reis com algumas propostas verdadeiramente out of the box. Não são propostas própriamente inéditas pois já foram usadas no passado por outros países, mas não deixam de ser propostas fora das fórmulas keynesianas já tão gastas. Pessoalmente gosto da proposta mais radical de Ricardo Reis:

uma alternativa mais radical

Existe um limite à capacidade de aumentar a taxa do regime geral do IVA, pois, acima de um certo valor, os consumidores começam a fazer as compras em Espanha. A subida de 5% na medida acima está perto deste limite. Há uma alternativa mais apetecível, mas também mais radical. Consiste em:

-- Acabar completamente com os 23,75% da TSU paga pelo empregador, assim como com o IMT.

-- O IVA incidir sobre todos os bens, sem excepções, incluindo a habitação, à mesma taxa de 20%.

Pelas minhas contas, estas medidas autofinanciam-se aproximadamente. Esta medida ideal corresponderia a uma desvalorização enorme, que de uma assentada eliminava o fosso de competitividade que se acumulou entre Portugal e a Alemanha na última década. Para além disso, o fim dos regimes especiais do IVA dava um outro impulso à nossa competitividade internacional, pois os bens nestes regimes são na maioria não-exportáveis. Por fim, extinguir os regimes especiais do IVA eliminava a preferência por alguns bens que hoje reflecte o poder de diferentes lobbies ou coincidências históricas e não qualquer forte razão económica. Muitas análises de fundo das finanças públicas sugerem este nivelamento, e esta seria uma boa oportunidade para o fazer. 

Entretanto no mundo de Sócrates no País das maravilhas...

El primer ministro luso asegura en el Foro ABC que Portugal es el país que mejor ha resistido la crisis en 2009

WRITE THE FUTURE: Rooney Caravan

sábado, 15 de maio de 2010

Nanny State



Este video não foi tirado de um filme de ficção científica. Trata-se mesmo de um anúncio de publicidade do Pennsylvania Department of Revenue e anda a dar que falar nos EUA. Quando temos o Estado a ameaçar os seus cidadãos com de anúncios de publicidade na TV para que os impostos sejam pagos, isto é sinal de que algo está a correr mal...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Meltup



A NIA finalmente disponibilizou o documentário Meltup. Meltup é provavelmente o mais importante documentário sobre questões económicas alguma vez produzido. Meltup também é o início da crise do dólar e de uma onda de hiperinflação, tudo consequências directas da nova grande crise que aí vem: uma crise de dívida soberana nos EUA (e muito provavelmente também na UE). Esta crise muito provavelmente infelizmente não será evitável. Infelizmente tendo em conta o modo irresponsável como os políticos do Mundo Ocidental se tem comportado, este Crise não será uma questão de SE mas antes uma questão de QUANDO, e temo que o quando possa ser mais cedo do que muita gente pensa. Não podemos continuar a viver como temos vivido nas últimas décadas a ter uma economia que não recompensa a poupança, pois o crescimento económico sustentável só pode vir via poupança, pois é via poupança que vem o capital de investimento e melhores condições de vida, e não nunca via mais consumo que tem por base mais endividamento. Uma das maiores mentiras que nos é repetida numa base constante é a de que vivemos num mundo de mercados livres e que foram os mercados livres que face à alegada falta de regulação deixaram que chegássemos a este ponto. Tal não passa de uma pura fantasia. Não há mercados livres quando o FED ou o BCE artificialmente manipulam taxas de juro (o que em matéria de política monetária siginifica imprimir-se mais moeda criando-a do "ar"). Se vivêssemos num mundo de mercado livres não teriam havido bailouts aos batoteiros que criaram este problema.Simplesmente porque se vivêssemos num mercado livre, os batoteiros pagavam pela sua batota, caindo e indo à falência...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Esta gente está doida: o desastre europeu



All 27 EU finance ministers have been summoned to Brussels on Sunday to sign up to a “European stabilisation mechanism. Britain will be unable to veto this as it will be put through under the “qualified majority voting” system.
The deal, effectively to shore up the euro, was denounced as a “stitch-up” last night after it emerged Nicolas Sarkozy, the French President and Angela Merkel, the German Chancellor, had devised it behind closed doors and were attempting to push it through at a time when there is no clear government in Britain.
It was declared a “done deal” by the 16 euro zone leaders who met in the early hours of Saturday morning.
(…)
“When the markets reopen Monday we will have in place a mechanism to defend the euro,” said President Sarkozy yesterday. “This is a full-scale mobilisation.”
Euro-zone leaders are attempting to get round objections from countries such as Britain by invoking Article 122 of the Lisbon Treaty, intended to enable a collective response to natural disasters. This does not need unanimous agreement.
By doing so, Mr Sarkozy has ensured a speedy confrontation with a new British prime minister and other leaders of non-euro currency countries. All 27 EU finance ministers must be present, but because decision will be taken by qualified majority vote, the 16 euro zone leaders can ensure its passage.

sábado, 8 de maio de 2010

As perguntas que sempre quis fazer a um climatologista sobre Global Warming

Nos últimos anos o tema Global Warming tem sido alvo de grande destaque e de polémicas discussões. No versus forum, forum do qual sou membro, não tem sido excepção. O Versus é um forum português de música electrónica, mas no fundo é muito mais do que isso. Nesta comunidade online debate-se de tudo um pouco desde música electrónica (e não só) a futebol ou temas como Política, Cinema, entre muitos outros.
Um dos tópicos que tem dado que falar na comunidade tem sido o do aquecimento global. No meio de acesas discussões sobre este tema tive a ideia de desafiar os membros do forum que estivessem interessados a escreverem aquela pergunta que sempre quiseram fazer a um climatologista profissional mas que nunca tiveram oportunidade pois ora ou não são jornalistas ou nunca viram ou conheceram pessoalmente um climatologista. Como os meus pais estão profissionalmente ligados à área e têm amigos ligados à área achei que seria interessante fazer uso dessa rede de contactos pedindo a um climatologista profissional que respondesse a um conjunto de perguntas escritas por alguns membros do Versus Forum.

Quem teve a amabilidade de aceitar participar no desafio respondendo às perguntas do forum foi o Prof.João Corte-Real. O Prof.Corte-Real (Universidade de Évora) é o único Catedrático em Portugal em Ciências da Atmosfera (Meteorologia e Clima) e é investigador em Ciências da Atmosfera, particularmente em Clima, desde os anos 80, tendo participado e continuando a participar em Projectos de investigação nacionais e europeus. Aqui ficam as nossas perguntas e as suas respostas:

1-Pergunta: Hoje em dia o aquecimento global é um tema bastante "quente". Parece existir um aparente grande consenso junto da opinião pública e até junto dos meios políticos de que a temperatura no nosso planeta está a aquecer e de que este alegado aquecimento do planeta é consequência directa da nossa actividade humana. Por exemplo frequentemente vemos ou lemos notícias que associam aquecimento global com o alegado degelo das calotas polares ou com fenómenos extremos como tufões, ciclones e furacões ou a poluição do ar provocada pela utilização de combustíveis fósseis, tudo apontado como consequência da actividade humana via emissões de Co2. Podemos realmente considerar que está cientificamente provado de que a temperatura do nosso planeta está a aumentar e que existe correlação entre emissões de Co2 e mudanças de temperatura ou considera que muito do que sai na imprensa não tem fundamento científico e é mais propaganda política do que propriamente ciência?

Resposta: A temperatura do planeta aumentou de facto, a partir dos finais do Sec. XX. O aumento das concentrações de gases absorventes da radiação infra-vermelha (gases com efeito de estufa, dos quais o mais importante é o vapor de água, cuja distribuição não controlamos e, por isso, falamos do dióxido de carbono, o segundo mais importante) devido à actividade humana dá uma contribuição positiva para esse aumento. 

O que está em dúvida é se essa contribuição é dominante ou se outras contribuições naturais é que o são. Porquê a dúvida? Porque, entre outras coisas, desde os finais da década de 90, a temperatura média global à superfície estabilizou (embora se mantenha cerca de 0.8 ºC acima da média de referência 1961 - 1990) e não se observa uma tendência estatísticamente significativa, talvez até a temperatura média global à superfície vá começar a descer, dado que a Oscilação Decadal do Pacífico vá entrar numa fase negativa. Assim, se aqueceu e se a contribuição humana é positiva, é duvidoso que seja dominante.

P.S. Para completar a resposta à pergunta 1: acredito que estamos a viver uma alteração climática; tenho sérias dúvidas que o aquecimento global antropogénico seja o principal responsável.

2- Pergunta:Muitas das vezes em que se ouve falar em alterações climáticas e aquecimento global vê-se alguma mistura com questões relacionadas com poluição, Co2, ecologia ou desenvolvimento sustentável. Faz sentido fazer-se uma ligação directa entre estes temas e alterações climáticas? Por exemplo qual é a sua opinião em relação à perda de biodiversidade no nosso planeta? Podemos fazer uma relação directa entre a perda de biodiversidade no nosso planeta (há quem fale que estamos na era da maior taxa de extinção de espécies desde o desaparecimento dos dinossauros, há 65 milhões de anos atrás), com actividade humana e alterações climáticas?

Resposta:A resposta é não. Repare-se: poluir a atmosfera, os oceanos, os rios, etc. não é sustentável, mas não altera necessariamente o clima; ao contrário, uma alteração climática pode criar condições insustentáveis em algumas regiões. A perda de biodiversidade pode ter causas não relacionadas com o clima. Há pois relações entre tudo; no entanto essas relações não são directas, há relações possíveis, mas que não têm de se materializar necessariamente.

Um a alteração climática altera o ambiente mas, a recíproca não é necessariamente verdadeira.


3-Pergunta: Tendo em conta a intervenção do Homem no meio ambiente ao longo dos últimos 250 anos: desflorestação; extinção de espécies animais e vegetais; consumo desenfreado de combustíveis fósseis; crescente industrialização; poluição de rios, lagos e mares; alteração artificial dos leitos dos rios; e construção de barragens, entre outras e tendo em conta que, ao longo dos últimos 50 a 100 anos (período em que é possível recorrer a instrumentos de medida e dados estatísticos minimamente credíveis) fenómenos como: a subida do nível médio da água do mar, a aceleração do derretimento das calotas polares, o buraco da camada de ozono têm aumentado de forma quase exponencial, como é possível justificar que a intervenção humana não tenha um papel assim tão preponderante nas alterações climáticas a que vimos assistindo e que são por demais, e cada vez mais, visíveis "à vista desarmada"?

Resposta: Os fenómenos interventivos apontados significam que o Homem tem perturbado o meio ambiente; isso não significa que tenha necessariamente perturbado o clima; perturbar o clima perturba o ambiente mas a recíproca não é necessariamente verdadeira. Por outro lado, os factos apresentados como exemplo, só significariam uma alteração do clima se apresentassem uma tendência; factos isolados não implicam nem significam uma alteração climática; por exemplo há uns anos atrás, o nº de ciclones tropicais no Atlântico foi acima da média; tal foi interpretado como consequência do aquecimento global de origem humana; um ou dois anos depois o nº de ciclones tropicais no Atlântico foi muito abaixo da média e a primeira situação não voltou a repetir-se. Outro exemplo: a redução da extensão gelada no Ártico; ao que parece esse processo (que já ocorreu no passado) está a inverter-se. A afirmação feita de que estamos a assitir à vista desarmada a uma alteração climática de origem humana, carece de uma demonstração para ser credível do ponto de vista científico. Mas,creio que estamos a viver uma alteração climática sim; o que resta provar é se a acção do homem é a causa dominante.

4-Pergunta:Quando se altera o curso de um rio, altera-se o clima dessa região. Quando se altera a biodiversidade vegetal de um determinado local, altera-se o clima dessa região. Sendo o complexo sistema climático do planeta Terra resultante de uma combinação da diversidade de micro-climas por todo o planeta, não parece lógico que se a acção humana consegue alterar estes micro-climas, isto levará a que numa larga escala o clima planetário sofra alterações? 
Resposta: A alteração do curso de um rio ou da biodiversidade vegetal não implicam uma alteração do clima dessa região. Tal afirmação não é verdadeira. Agora, se se verificar alteração de muitos climas regionais, por acções locais, não é impossível que isso vá originar uma alteração global do clima. Por exemplo, se a floresta amazónica fosse completamente destruída, isso iria implicar uma mudança climática global.  

Ron Paul sobre a Grécia

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Repita lá sr. Ministro?

“Só numa situação de força maior seria legítimo adiar essas obras” Teixeira dos Santos em entrevista ao Diário Económico

Eu pergunto-me se Teixeira dos Santos vive noutro planeta...Mas nós não estamos já numa situação de força maior?!

The Beginning of Global Economic Chaos

Hoje recebi esta newsletter da National Inflation Association (NIA). Recomendo vivamente uma leitura atenta:


With the mainstream media focused today on the rioting and civil unrest in Greece, the Dow Jones plunged this afternoon from a decline of 400 points to a decline of nearly 1,000 points within minutes, before rebounding to finish the day down 347. Meanwhile, the price of gold surged $34.40 to a five-month high of $1,209 per ounce.
NIA believes U.S. stocks are extremely overvalued in terms of real money, gold and silver. One of our top ten predictions for 2010 that we announced on December 21st, was that we would see a sharp decline in the Dow/Gold ratio from 9.3 to below 7. After today's decline in the Dow and rise in the price of gold, the Dow/Gold ratio finished the day at 8.7. We expect this downward trend in the Dow/Gold ratio to accelerate in the weeks and months ahead.
On March 5th, 2009 with the Dow Jones at its low of 6,594.44, almost all analysts on Wall Street were proclaiming that the U.S. would experience deflation for many years to come. However, NIA released an article that day entitled, "The World is Awashed with Dollars". In this article, NIA said, "It's a real shame that those who lost most of their money in the stock market and Real Estate bubbles, and are now finally selling out after these markets have already collapsed, are positioning themselves to get wiped out all over again through massive inflation."
NIA went on to say, "As the inflation being created today starts to work its way through the system, U.S. stocks and Real Estate will eventually start rising in value again." NIA then said, "Most of the money that is presently being created by the Federal Reserve is being hoarded during this temporary deflationary phase. As the government continues to bail out every bank in existence and pass larger stimulus plans, all of the Dollars being squirreled away around the world will soon come out all at once."
The Dow Jones went on to rise as much as 70% after our March 5th, 2009 article and while analysts today are proclaiming the U.S. economy is in the midst of recovery, NIA recognizes the entire rise in the Dow Jones has been due to nothing but inflation. This week's dip in the Dow Jones is only going to persuade the Federal Reserve to keep interest rates at 0% and create further monetary inflation. This will add more fuel to our economic "Meltup" and could lead to hyperinflation a lot sooner than we previously expected.
Standard & Poor's recently downgraded Greece bonds to junk, yet still rates U.S. bonds as AAA. The only thing separating U.S. debt from Greece debt is the Federal Reserve's printing press. NIA believes monetization is even worse than default, and U.S. debt already deserves to be rated junk right now.
The mainstream media puts too much stock in credit ratings agencies; they have already forgotten how Standard & Poor's and Moody's rated CDOs as AAA that were backed by BBB or lower subprime mortgage bonds and didn't downgrade them until it was too late. The media only sees what is happening now, they don't have the foresight to see what crisis will occur next. The debt crisis in Greece is being used to distract Americans from the real debt crisis in the U.S. The rioting and civil unrest in Greece today is nothing compared to what could happen in the U.S. when the U.S. government is inevitably forced to default on its social security obligations.
NIA will be conducting an interview this evening with Gerald Celente, who we consider to be the most accurate trends forecaster of all time. We will be using footage from our interview with Mr. Celente in our new documentary 'Meltup', which will be out later this month. We highly recommend that you visit Mr. Celente's Trends Research Institute web site at http://www.trendsresearch.com and subscribe to his Trends Journal.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Leitura recomendada

E o trabalho de casa?

Strauss-Kahn, director-geral do FMI, diz que não devemos acreditar nas agências de rating. Guido Weterwelle, ministro dos Estrangeiros alemão, fala em conflito de interesses e diz que a Europa deve criar a sua agência. Amadeo Altafaj, porta-voz da Comissão...

Strauss-Kahn, director-geral do FMI, diz que não devemos acreditar nas agências de rating. Guido Weterwelle, ministro dos Estrangeiros alemão, fala em conflito de interesses e diz que a Europa deve criar a sua agência. Amadeo Altafaj, porta-voz da Comissão, pergunta "Quem é a Standard & Poor's". Wolfgang Schauble, ministro das Finanças alemão, diz que não as devemos levar "a sério". Até Paul Krugman, prémio Nobel, acusa-as de criarem um "sistema profundamente corrupto". 

1ª pergunta: esta gente está doida? Não. As agências não são um poço de virtudes. 2ª pergunta: há razões para questionar a sua governance, modelo de negócio e transparência? há: de 2020 a 2007 o revenue da S&P, Moody's e Fitch passou de 2,2 para 6 mil milhões (??) de dólares; só a Moody's analisa mais de 12 mil (??) empresas, em cem países. 3ª pergunta: qual o problema de lançar agora uma agência europeia? O mercado não a levaria a sério, com receio de que fora criada para agradar aos promotores. Pior: e se o veredicto não fosse diferente do das outras?

Os europeus fazem lembrar aquele apostador que passava a vida a pedir a Deus sorte no jogo. Farto de tanta queixa, este mandou um emissário: "Diz-lhe que eu o ajudo: mas pelo menos que compre a lotaria!". 

Antes de reivindicar a reforma das agências, a Europa devia fazer o trabalho de casa: sanear as finanças públicas. Só assim evitará a suspeita de querer ser juiz em causa própria. Além de que a Comissão, ao obrigar as agências a divulgarem os modelos que usam nas análises, deu um passo importante para tornar o seu trabalho mais transparente. 

P.S. - Ah! A Fitch é controlada em 60% pelos franceses da Fimalac…
Camilo Lourenço