quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

A unanimidade é burra. Viva 2010

Hoje é o último dia da década. Por estas alturas muita gente lamenta que 2009 tenha sido um ano péssimo por causa da crise económica mundial. Há até quem se lamente pela década inteira que hoje acaba. No entanto, de nada não nos serve sermos derrotistas. John F.Kennedy um dia disse que numa crise devemos estar sempre em estado de alerta para os perigos da crise, mas devemos sempre também reconhecer as oportunidades. Há bons exemplos de pessoas e empresas que têm tido grande ideias e sido bem sucedidas como Miguel Macedo brilhantemente aponta no excelente artigo publicado hoje no i que partilho em baixo. O blog esperança do inconformismo deixa aos seus leitores votos de um bom ano. Acredito que a nível nacional infelizmente 2010 e a próxima década vão ser complicados como por cá já escrevi. Acredito que a nível internacional o pior desta crise económica ainda está para vir. Mas acredito também no poder das ideias e do empreendedorismo. Vem aí um grande ano (e década) mas apenas para quem quiser e fizer por isso. É só querer, procurar o que os outros não vêem, e acima de tudo arriscar e não estar sentado à espera que o Estado nos resolva o problemas. Que venha 2010.Que venha a nova década.


Há quem lhe chame o ano perdido. Há quem lhe chame a década perdida. Será? Não é verdade, há bons exemplos, há grandes ideias


Podíamos fechar o ano lembrando todas as catástrofes e desgraças que se acumularam este ano. Todos os erros políticos. Todos os excessos dos governantes. Todos os investimentos falhados e todo o dinheiro desbaratado. Não o vamos fazer. Não por moralismo ou piedade, apenas porque não há nada de novo a dizer. O país rumina os mesmos assuntos há demasiado tempo e encontra na incapacidade dos políticos a justificação para o próprio imobilismo. Chega de complacência e autocomiseração. 




Há bons exemplos - exemplos de pessoas normais -, que saem incólumes de 2009. Negócios que frutificaram, talentos que ganharam dimensão e aproveitaram as oportunidades. Talentos que nos indicam o caminho para 2010. Por exemplo, o de Catarina Portas. A empresária não era empresária, mas em 2004 teve uma ideia: olhar para produtos de design histórico português e ver no que dava. Começou sem objectivos gloriosos, foi visitar fábricas e falar com pessoas. Juntou produtos, fez alguns contratos com empresas e foi crescendo. Tudo o que ganhou reinvestiu e hoje tem uma loja no Chiado que está sempre cheia. A Cartier fechou. A Vida Portuguesa não tem espaço para tantos clientes. O Porto vem a seguir.

As pessoas gostam, as pessoas compram, as pessoas reconhecem que estão perante uma iniciativa comercial (não benemérita) que, embora tenha origem na história, tem as bases plantadas no futuro: os produtos são nacionais, não são chineses de má qualidade, não são produtos brancos. Não se trata de nacionalismo, apenas de bom senso: talvez um dia Catarina abra uma loja de produtos históricos franceses. Ou até chineses. Não interessa. Interessa que não ficou à espera de subsídios públicos ou que lhe indicassem o caminho. Viu uma oportunidade e ocupou um espaço que ninguém julgava existir. O caminho é esse. Procurar o que outros não vêem. Arriscar. Mesmo sem crédito da banca, foi o que Catarina Portas fez.

Há muitos anos, nos Estados Unidos, fizeram um inquérito a 50 estudantes das melhores universidades. Confirmada a superioridade intelectual do grupo, fizeram outras perguntas mais fáceis - destas cinco linhas, qual a mais comprida? -, mas antes de obter a resposta mostraram a cada um destes jovens cérebros brilhantes (o teste era individual) as respostas dos outros. Não eram as respostas verdadeiras, eram falsas, pretendiam apenas confundir. Dos 50 candidatos, um terço ignorou o que os seus olhos viam, copiaram, seguiram a (falsa) maioria. Resultado: indicaram como mais longa uma das linhas mais curtas.

Em Portugal, achamos que a maioria das pessoas pensa que não temos esperança, que nada funciona, que não vale a pena. É mentira, não estamos no fim da linha. A unanimidade é burra. Catarina Portas prova-o: acaba de abrir uma janela contra a corrente. Como diz Pedro Pina, 2010 será o ano dos empreendedores apaixonados: mais paixão igual a honestidade, autenticidade, esforço. Vem aí um grande ano para quem fizer.



por André Macedo, Publicado em 31 de Dezembro de 2009

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

What matters now

















Tendo em conta a actual crise que o nosso mundo está a atravessar, agora mais do que nunca temos que mexer com as coisas. Agora, mais do que nunca precisamos de encontrar novas maneiras de pensar e de canalizar energias para virar o rumo das coisas. Seth Godin, famoso Guru de marketing e conhecido autor de livros como Purple Cow-Transform your business by being remarkable ou All Marketers are liars: The power of telling authentic stories in a low-trust world,  tomou a iniciativa e desafiou 70 grandes pensadores a escolherem uma palavra provocadora e partilharem conosco uma ideia para reflexão para o novo ano que aí vem. Seth Godin compilou esses 70 pequenos essays num e-book disponibilizado gratuitamente chamado What matters now. O download do e-book pode ser feito aqui


Em jeito de teaser partilho um dos essays que achei mais interessantes, nomeadamente o de Tony Hsieh, CEO da Zappos, na minha opinião uma das empresas mais interessantes da actualidade:

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Mitos sobre CO2 e Aquecimento global












Mito 1: CO2 é um gás poluente 
Os media mainstream, em particular os media portugueses, teimam em tratar o CO2 como um gás poluente, o que é falso. O CO2 faz parte da composição química da atmosfera e é o gás da vida, fundamental na fotosíntese das plantas. A atmosfera da terra é uma fina camada de gases que circunda o nosso planeta, sendo composta em cerca de 78% por azoto, cerca de 21 % por oxigénio,  cerca de 0,03% dióxido de carbono, sendo no restante composta por outros gases.  Os media gostam tanto de tratar o CO2 como um gás poluente que quase sempre que vemos notícias sobre aquecimento global e emissões de CO2 nos telejornais ou em jornais de referência (em especial no Público)  vemos essas notícias ilustradas com chaminés de fábricas a deitar fumos pretos para reforçar essa ideia tonta de que CO2=Poluição.  Esta confusão muitas vezes está associada aos combustíveis fósseis, que concordo que sejam poluentes. Contudo, tal como o climatologista brasileiro Luiz Carlos Molion (entrevista UOL, 2009) refere, os combustíveis fósseis são poluentes mas não por via do CO2, mas sim por causa de outros gases como o dióxido de enxofre. Sherwood Idso, juntamente com outros investigadores do Centro de Estudos do Dióxido de Carbono e Mudança Global (EUA) confirmaram recentemente os efeitos positivos da emissão de CO2 para a biosfera. Nos seus estudos Idso confirma o CO2 como um gás claramente não-poluidor. Citando Idso "o dióxido de carbono é verdadeiramente o sopro da vida para todas as plantas e para os animais, que delas dependem para sua existência. Dizer o contrário é uma completa desvalorização da realidade" (ver exposição de Isdo em video "Carbon dioxide:  The breath of life" disponível em http://www.co2science.org)   


Mito 2: CO2 é o maior gás com efeito de estufa e o principal causador do global warming
No ponto anterior já foi desmistificada a mentira de que CO2 é um gás poluente. No entanto há uma coisa que os alarmistas do global warming dizem que até é verdade. CO2 é um gás com efeito de estufa. Se lhe fosse perguntado  sobre qual é o principal gás responsável pelo efeito de estufa certamente que a sua resposta seria o CO2, correcto? Afinal é o que Al Gore diz, e é o que a nossa imprensa nos impinge todos os dias, correcto? No entanto tal resposta está errada. Apesar do CO2 ser um gás com efeito de estufa, está longe de ser o principal. O vapor de água (quase 100% de origem natural) é o principal gás responsável pelo efeito de estufa, contribuindo com 95% do efeito de estufa. O dióxido de carbono representa pouco mais de 3% desse efeito de estufa (Leroux, ler entrevista). Não só é mentira que o CO2 seja o principal gás com efeito de estufa como é bom que se perceba que a esmagadora maior das emissões de CO2 tem como origem fluxos naturais. O CO2 produzido pelo homem é mínimo para afectar o quer que seja. Tal como Molion (entrevista UOL, 2009) refere:













Os fluxos naturais dos oceanos, polos, vulcões e vegetação somam 200 bilhões [representa “mil milhões” de acordo com a norma internacional] de emissões por ano. A incerteza que temos desse número é de 40 bilhões para cima ou para baixo. O homem coloca apenas 6 bilhões, portanto a emissões humanas representam 3%. Se nessa conferência conseguirem reduzir a emissão pela metade, o que são 3 bilhões de toneladas em meio a 200 bilhões? Não vai mudar absolutamente nada no clima.


Acredito que pessoas que crentes da tese do global warming com origem antropogénica possam ficar mais cépticas  perante afirmações como estas de Molion.  Acredito que podem mesmo perguntar o seguinte: Puxa, mas o homem nunca se interessou em medir CO2 antes. Como é que podemos então levar a sério estes números que o Prof.Molion refere? Em resposta a esta pergunta deve ser referido que é verdade que só recentemente é que os climatologistas começaram a ter interesse em medir CO2, mas a verdade é que fisiologistas vegetais sempre tiveram o interesse em saber por exemplo quanto uma planta consome, pelo que existem medições e registos de emissões de CO2 desde o séc.XIX.  Outro grande mito que aqui existe é o famoso gráfico hockey stick que Al Gore apresentou no seu documentário An Inconvenient Truth:














Al Gore e o IPCC usam e abusam deste gráfico para "provar" que existe correlação entre emissões de CO2 e  aumentos de temperatura. Segundo eles quanto mais emissões de CO2 deitarmos para o ar, mais a temperatura aumenta. Esta é a essência da tese do global warming com origem antropogénica. No entanto já foi provado que este gráfico é fraudulento e ignora dados históricos de variabilidade climática. O famoso Hockey Stick de Al Gore ignora factos climatológicos desde há muito comprovados: o Período Quente Medieval (c.1000- c. 1400) e a Pequena Idade do Gelo (c.1500 - c.1850). Logo, aceitar a tese de Al Gore implica apagar toda a história climatológica do Planeta Terra! Além do mais, tal como Rui Moura escreveu aqui ou como já foi explicado neste blogue neste post, o que os dados históricos de registos de temperatura e de emissões de CO2 apontam é exactamente o inverso. É a concentração de CO2 na atmosfera que segue as variações de temperatura da superfície terrestre, ou seja, quando a temperatura aumenta, mais CO2 é libertado na atmosfera e quando a temperatura baixa mais CO2 é retirado, logo toda a tese de Al Gore e dos alarmistas do global warming com origem atropogénica cai logo por terra abaixo.


Mito 3: Existem provas que contrariam o que os cépticos do global warming dizem. Por exemplo as fortes ameaças do Ártico e do Antártico cujo degelo está a causar a extinção dos ursos polares.






A tese de que as calotas polares estão a derreter não passam de propaganda alarmista que serve para manipulação da opinião pública. A realidade parece contrariar o mito de que as colatas polares estão a derreter. Tende a haver muito sensacionalismo mediático. Por exemplo sempre que são publicadas notícias dando conta de problemas no Antártico, como esta elas são apenas referentes à Peninsula do Antártico. Este tipo de notícias são falaciosas pois assumem que o Antártico se comporta todo ele do mesmo modo ignorando características climáticas locais muito particulares. Como o climatologista francês Marcel Leroux explica nesta excelente entrevista:


A Península do Antárctico constitui uma excepção bem conhecida dos climatologistas.











Devido à sua latitude e à proximidade dos Andes, as depressões austrais conhecem aqui uma evolução notável. São canalizadas vigorosamente para o Sul como um fluxo ciclónico quente e húmido.  Tais depressões atmosféricas são cada vez mais cavadas. As trajectórias são cada vez mais meridionais. A temperatura do ar que transportam é crescente. Tal como na vizinhança do Mar da Noruega (ou ainda na região do Alasca – Estreito de Bering), o aquecimento da Península do Antárctico é comandado pela intensificação da circulação de ar quente e húmido de origem tropical dirigido para o Sul. Contrariamente à falsa afirmação do IPCC de que é o efeito de estufa que aquece a região da Península do Antárctico, é o ar quente importado pelo Pólo – em troca do ar frio exportado a partir do centro do Antárctico – que é responsável por esta situação. O ar quente é dirigido para o Pólo através de uma intensificação da circulação do ar quente e húmido que vem de longe. É de origem tropical. Quanto mais intensa é a exportação de ar frio, mais intensa é a importação de ar quente. 

É também falso que a população de ursos polares esteja a diminuir. O National Center for Public Research, que  é uma referência a nível mundial fazendo contagens oficiais das populações de ursos polares, publicou no seu último relatório dados que contrariam completamente este mito. O relatório refere que a população de ursos polares na realidade duplicou nos últimos 40 anos, acrescentando o seguinte: Estimates range from 20,000 to 25,000 polar bears worldwide.  In fact, according to a U.S. Geological Survey study of wildlife in the Arctic Refuge Coastal Plain, polar bear populations "may now be near historic highs."  This dramatic increase in population is noteworthy, as polar bears have one of the slowest reproductive rates of any mammal. 





Se há coisa que os ursos polares têm mais a temer é a sua caça por parte do homem.Mas isso não enche páginas de jornais nem chama a atenção dos telejornais...

Mito 4: Mas existe consenso na comunidade científica de que existe global warming e o homem é o responsável via emissões de CO2.Os cerca de 2000 cientistas que elaboraram o relatório do IPCC assim concordam.


Antes de mais é bom que se tenha noção de que o IPCC é um órgão da ONU, e como tal acima de tudo é um órgão político. O argumento que Al Gore e muitos usam de que existe um alegado consenso científico sobre esta matéria de alterações climáticas é falso. Mas vamos por partes. Primeiro é bom que se tenha a noção de como os relatórios do IPCC são elaborados. O relatório fundamental do IPCC, o do Grupo I, tem 966 páginas e é muito técnico e como tal inclui um sumário que foi escrito para decisores políticos. Esse sumário foi aprovado linha a linha pelos representantes dos governos e das organizações participantes em Fevereiro de 2007. O problema é que o este sumário foi aprovado ainda antes de existir o relatório que era suposto resumir. São vários os climatologistas, e em Portugal por exemplo o Prof.Delgado Domingos ainda recentemente numa entrevista fez questão de referir isto: "o próprio relatório científico contradiz conclusões do sumário antecipado, nomeadamente quando este converte em certezas o que no relatório está rodeado de incertezas, hipóteses e precauções." Em relação aos tais 2000 cientistas, em bom nome da verdade como o que a imprensa cita é sempre o sumário do relatório do IPCC de 2007, deve ser referido que apenas 52 cientistas (entre os quais 23 independentes) participaram neste sumário do relatório. Deste grupo apenas 7 leram o relatório final e apenas 4 apoiaram o documento (provavelmente Michael Mann e Phil Jones, cientistas do IPCC que estão envolvidos no megaescândalo Climategate onde são acusados de manipulação e eliminação de dados) e 2 (do grupo dos 7 independentes) negaram as conclusões do documento. Estas afirmações podem ser confirmadas no documento oficial do Senado Americano "U. S. Senate Minority Report: More Than 700 International Scientists Dissent Over Man-Made Global Warming Claims Scientists Continue to Debunk “Consensus” in 2008 & 2009" recentemente disponibilizado aqui. E para finalizar e em bom nome do rigor científico, não é verdade que as temperaturas estejam a aumentar. Na realidade, na última década as temperaturas têm estado a descer como se pode ver no seguinte Gráfico com a Evolução das temperaturas globais e CO2 entre 1998-2008:
















Fonte: Hadley & MSU

A linha rosa representa:temperatura global tirada por termômetros
A linha azul representa:temperatura global tirada por satélites 

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A bancarrota na Grécia e em Portugal

Excelente ensaio de Ricardo Reis publicado hoje no i:


Portugal vai entrar em bancarrota? Provavelmente não, mas essa probabilidade era zero há uma década e é hoje bem alta






















1. A relevância das taxas de juro
Quando um Estado gasta mais do que as suas receitas (um défice), tem de pedir emprestada a diferença. Em vez de irem a um banco, os países vendem obrigações do tesouro em leilão. Estes papéis rendem ao seu portador uma quantia fixa dentro de um certo período, e são vendidos a quem estiver disposto a pagar mais. Se eu ganho o leilão oferecendo 900 euros hoje por uma obrigação que rende mil euros daqui a um ano, a taxa de juro que o Estado português paga é 10%.
Entretanto, há um mercado activo e líquido onde todos os dias posso vender este papel a outra pessoa. Se uns dias depois vendo a obrigação por 950 euros, ficamos a saber que se o Estado tivesse feito um novo leilão nesse dia, a taxa de juro cairia para 5%. O preço neste mercado permite por isso aferir a taxa de juro que o Estado enfrenta todos os dias.
As taxas de juro mudam e são diferentes de país para país em função do risco das obrigações. Existem dois riscos numa dívida do Estado. Primeiro, o risco de o Estado declarar bancarrota. Nos países desenvolvidos, isto acontece raramente. Portugal já não o faz desde 1892; a Grécia, desde 1893; e a Alemanha, desde 1932. Segundo, existe o risco de o Estado imprimir dinheiro e gerar inflação. Embora a quantia a pagar seja a mesma na moeda do país, o seu valor real na perspectiva de um estrangeiro passa a ser menor. A inflação ou, equivalente, a desvalorização da moeda é uma forma disfarçada de renegar o pagamento da dívida. Portugal nos anos 80 e 90 fazia- -o frequentemente. Por isso, quando o Estado português pedia emprestado, pagava uma taxa de juro bem mais alta do que a cobrada à Alemanha.
Com a entrada no euro, este segundo risco desapareceu. Portugal e a Alemanha passaram a ter a mesma moeda, e o controlo da inflação passou para as mãos do Banco Central Europeu. O BCE é independente dos Estados para nunca ceder à tentação de criar inflação para lhes resolver problemas fiscais. A figura 1 mostra a taxa de juro anual paga pela Alemanha nas obrigações a 10 anos entre 2002 e 2007, assim como a taxa paga por outros países da zona euro, incluindo Portugal. Eliminado o risco da inflação, e sendo remoto o risco de bancarrota, com o euro Portugal passou a pagar quase a mesma taxa de juro que a Alemanha.
Para apreciar quão extraordinário isto é, no gráfico está também a taxa de juro paga pelo Reino Unido. O mero risco de desvalorização da libra levou a que Portugal durante estes 6 anos pagasse bem menos pelas suas dívidas do que os honrados súbditos de Sua Majestade, apesar da sua reputação secular de bons pagadores.

2. O período pós-2008
No segundo gráfico vê-se a diferença entre as taxas de juro pagas pela Grécia, Irlanda, Itália, Espanha e Portugal e a taxa de juro paga pela Alemanha desde 1 de Janeiro de 2008. De um diferencial médio de 0,12% entre 2002 e 2007, estes países passaram a pagar desde então taxas de juro acima das alemãs, que na sexta-feira chegaram aos 2,7% para a Grécia. No início de 2009, Portugal pagou mais 1,58% do que a Alemanha, um número tão assustador que me levou a escrever uma coluna no "Expresso" intitulada "O verdadeiro pânico".
Este número revela que os investidores punham uma probabilidade séria de Portugal entrar em bancarrota. Se isto acontecesse, ninguém mais quereria emprestar a Portugal, o que forçaria medidas draconianas que eliminassem em absoluto o défice. As tentativas de controlo das contas públicas dos últimos 4 anos mostram que isto só seria possível com cortes drásticos nos salários dos funcionários públicos, e talvez mesmo a eliminação de programas como o rendimento social de inserção.
Uma alternativa à bancarrota é a saída da zona euro, a recuperação do escudo, e a desvalorização imediata da nova moeda. Esta hipótese é menos plausível. Em primeiro lugar, agora que a dívida portuguesa foi contraída em euros, desvalorizar o escudo só ajudaria se a dívida fosse reformulada em escudos, o que é complicado em termos legais. Para além do mais, desvalorizar o escudo viria com inflação nos dois dígitos, e os muitos produtos importados a que estamos habituados saltariam para preços proibitivos. As dívidas das empresas portuguesas no estrangeiro, denominadas em euros, explodiriam, levando a falências em catadupa e a uma subida em flecha do desemprego. Por fim, o Estado não conseguiria achar investidores a quem vender novas obrigações, forçando o mesmo ajuste repentino das contas públicas. Deixar o euro evitaria a bancarrota formal, mas teria consequências mais graves.

3. Crise financeira e contágio
Como pode este cenário catastrófico ser visto pelo mercado como provável? Antes de imaginar histórias nebulosas de malvados especuladores, relembre-se que qualquer pessoa pode comprar obrigações do tesouro portuguesas. Se você acha que o mercado está errado nesta avaliação, deve aproveitar-se da taxa de juro apetecível neste instante.
Umas semanas depois do meu artigo no "Expresso", tive de discutir numa conferência académica o novo trabalho de Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff (acabado de sair em livro). Estes dois autores documentaram a história das muitas crises financeiras dos últimos 200 anos. Uma das suas conclusões é de que quase todas as crises levam à bancarrota dos Estados com contas públicas mais frágeis. A crise financeira de 2008-09 e os nossos falhanços sucessivos em controlar as contas públicas explicam a percepção de bancarrota revelada pelas taxas de juro.
Mesmo assim, a primeira bancarrota seria provavelmente na Grécia. A Irlanda também estava em perigo, mas depois de medidas corajosas para controlar o défice nas últimas duas semanas, a sua taxa de juro caiu a pique. A Grécia tem uma dívida pública maior do que Portugal (em parte devido à aventura dos Jogos Olímpicos e do novo aeroporto de Atenas), um défice maior, e uma história recente marcada por truques contabilísticos de fazer corar até os nossos políticos. No último mês, os gregos recusaram tomar medidas de controlo do défice, continuando a endividar-se a grande ritmo.
Mas se a Grécia seria a primeira, isto não devia tranquilizar Portugal. A 18 de Agosto de 1998, a Rússia declarou bancarrota. Nas semanas seguintes, países tão diversos com o Brasil, o México e até a Região Administrativa de Hong Kong tiveram sérias dificuldades em encontrar compradores para a sua dívida pública. Estes países tinham finanças públicas em melhor estado do que Portugal. Uma olhada rápida à figura 2 mostra que se a Grécia cair, a pressão cairá de seguida sobre Portugal, Espanha e Itália.
Pode prever-se com certeza este contágio? Não, o contágio nas crises ainda é um tema difícil de explicar ou prever. Por exemplo, a Argentina declarou bancarrota em Dezembro de 2001 e, com a excepção do Uruguai, praticamente não houve contágio. É difícil, no entanto, não ter insónias sobre o assunto.

4. Respostas postiças
Como sempre, quando o problema é sério, surgem argumentos postiços que menorizam a questão. Primeiro, pode olhar-se para a figura 2 e notar que o Reino Unido está a pagar a mesma taxa de juro que Portugal. Mas o Reino Unido tem a libra, Portugal o euro. A taxa de juro inglesa reflecte o risco (normal) de desvalorização da libra em relação ao euro; a taxa de juro portuguesa reflecte exclusivamente o risco de bancarrota.
Segundo, pode esperar-se que os países ricos da zona euro, como a Alemanha e a França, venham em nosso socorro. Mas partir daqui para concluir que não há problema é um disparate. Se os alemães pagarem as nossas dívidas por nós, não o farão sem contrapartidas. Vão exigir que os portugueses ponham as contas em ordem, de forma a pagarem o favor e evitarem futuros problemas. Isto é precisamente o que faz o FMI. Quem viveu em Portugal durante as intervenções do FMI sabe quão draconianas são as medidas para pôr as contas em ordem. Como descreveu Luís Campos e Cunha no "Público" há poucos dias, Portugal transformar-se-ia num protectorado da Alemanha.

5. Conclusões
Portugal vai entrar em bancarrota? Provavelmente não. Mas a possibilidade de isso ocorrer era praticamente zero há uma década e hoje é bem alta. Uma simples chance em cem de renegarmos as nossas dívidas pela primeira vez desde 1892 é assustadora.
Como qualquer pessoa afundada em dívidas, Portugal tem duas opções. Uma é ganhar mais dinheiro com um aumento no crescimento económico. Há uma década que Portugal não cresce. A outra é corrigir o défice público, o que nesta altura de recessão só tornaria a vida dos portugueses ainda mais difícil. Se Portugal tem estas escolhas dolorosas só tem de se culpar a si mesmo pela irresponsabilidade do crescimento do Estado e pela acumulação de dívida pública nos últimos 20 anos.
No mínimo, exige-se aos nossos governantes que tranquilizem os nossos credores com intenções claras, apoiadas por medidas concretas, de controlo das finanças públicas e promoção do crescimento económico. Continuar a esconder o problema dos portugueses, entretendo-os com telenovelas de insultos na Assembleia da República e temas fracturantes no topo da agenda só levará mais depressa ao precipício.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Toyota e Portugal

Mais um excelente artigo do Martim Avillez Figueiredo publicado hoje no i:

A maior construtora de automóveis do mundo tem um novo homem ao leme, que diz "isto pode falhar". Em Portugal, ao leme, todos dizem "isto vai resultar"


Quando o novo CEO do gigante automóvel Toyota tomou o poder na companhia do seu avô, curvou-se perante as evidências: a sua companhia era a maior fabricante de automóveis do mundo, ainda mais forte que a poderosa General Motors. A mesma delicadeza, uns tempos depois, permitiu- -lhe assumir numa reunião de accionistas que a leitura de um livro mudara a sua perspectiva: a Toyota, acreditava ele, chegara ao quarto nível dos cinco que conduzem uma empresa ao declínio.

Ainda que muitos na Toyota acreditem que se trata de excesso de zelo deste japonês de 53 anos, a verdade é que Akio Toyoda (isso, Toyoda) sabe que qualquer grande negócio pode morrer como nasceu: depressa. Qualquer negócio, como qualquer país. Portugal, como a empresa de Toyoda, devia ler o livro do americano Jim Collins: "How the Mighty Fall". Sim, Portugal é pequeno - mas é bom que aprenda como os grandes caem, e sobretudo é bom que aprenda que se cai.

Sócrates, com as suas mais recentes lutas parlamentares - onde todos perderam já parte do juízo -, tem revelado pelo menos uma das tentações de que fala Collins no seu livro: depositar todas as esperanças em saltos estratégicos para grandes tecnologias ou grandes negócios. Não é que falhe - o problema é mais simples. Se todas as esperanças são postas numa saída, o eventual insucesso torna-se fatal. Já aqui se escreveu: não há razão para acreditar que a estratégia dos grandes investimentos públicos , com a construção de novas infra-estruturas, falhe. O que não se pode é acreditar, como disse ainda Sócrates há poucos dias, que aí (e quase exclusivamente aí) reside a saída para a crise. Nem o Nobel Paul Krugman acredita nessa ideia - quer investimento em infra-estruturas, mas apoiado por uma nova dinâmica fiscal e pacotes financeiros ajustados a diferentes segmentos da população americana. Um caminho apenas é que não.

Porque o problema é conhecido, sobretudo agora que a Grécia ameaça entrar em falência técnica: um país que se endivida em excesso e cuja economia não consegue crescer - durante uma boa década - a ritmos superiores a 3% tem uma enorme dificuldade em ser solvente, isto é, em tornar-se rentável e capaz de gerar dinheiro para pagar aquilo que gasta. Em Inglaterra fizeram as contas e descobriram que será preciso crescer acima de 3% e esperar até depois de 2030 para corrigir todos os efeitos desta crise. Em Portugal, para começar, não se cresce acima de 3% desde 2000. Ao ritmo de crescimento de 2% (que é difícil), as contas (e contas são apenas isso - contas) indicam que menos de seis décadas (60 anos!) sempre a crescer a 2% talvez pudessem corrigir o estado das coisas. Talvez.

Mas isso não é coisa que o nosso parlamento queira discutir. Talvez o Natal os mude.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O barrete de Copenhaga



A Cimeira que ia salvar o mundo terminou com uma acordo mínimo e aparentemente frustrante. Segundo Obama foi alcançado um acordo "significativo" mas "insuficiente". Nenhum país parece ter ficado inteiramente satisfeito, mas insatisfeitos deveríamos estar todos nós por nesta Cimeira se ter estado a discutir e a negociar um não-problema de um modo intelectualmente tão desonesto que chega a ser ridículo. CO2 não é um gás poluente e como se pode ver neste video que aqui partilho (tirado do documentário The Great Global Warming Swindle), os níveis de CO2 sobem e descem DEPOIS da temperatura também subir ou descer (existe efectivamente um lag de 800 anos) e como tal são resultantes do aumento de temperaturas e não a causa do aumento de temperaturas, o que é exactamente o contrário do que Al Gore e a imprensa mainstream descaradamente repetem vezes sem conta. Logo o que é que estes senhores andaram a fazer em Copenhaga discutindo uma coisa correlação que não existe?!



quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Leitura essencial:Não existe aquecimento global












"Não existe aquecimento global", diz representante da OMM na América do Sul


Com 40 anos de experiência em estudos do clima no planeta, o meteorologista da Universidade Federal de Alagoas Luiz Carlos Molion apresenta ao mundo o discurso inverso ao apresentado pela maioria dos climatologistas. Representante dos países da América do Sul na Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Molion assegura que o homem e suas emissões na atmosfera são incapazes de causar um aquecimento global. Ele também diz que há manipulação dos dados da temperatura terrestre e garante: a Terra vai esfriar nos próximos 22 anos.
Em entrevista ao UOL, Molion foi irônico ao ser questionado sobre uma possível ida a Copenhague: “perder meu tempo?” Segundo ele, somente o Brasil, dentre os países emergentes, dá importância à conferência da ONU. O metereologista defende que a discussão deixou de ser científica para se tornar política e econômica, e que as potências mundiais estariam preocupadas em frear a evolução dos países em desenvolvimento.

UOL: Enquanto todos os países discutem formas de reduzir a emissão de gases na atmosfera para conter o aquecimento global, o senhor afirma que a Terra está esfriando. Por quê?
Luiz Carlos Molion: Essas variações não são cíclicas, mas são repetitivas. O certo é que quem comanda o clima global não é o CO2. Pelo contrário! Ele é uma resposta. Isso já foi mostrado por vários experimentos. Se não é o CO2, o que controla o clima? O sol, que é a fonte principal de energia para todo sistema climático. E há um período de 90 anos, aproximadamente, em que ele passa de atividade máxima para mínima. Registros de atividade solar, da época de Galileu, mostram que, por exemplo, o sol esteve em baixa atividade em 1820, no final do século 19 e no inicio do século 20. Agora o sol deve repetir esse pico, passando os próximos 22, 24 anos, com baixa atividade.
UOL: Isso vai diminuir a temperatura da Terra?
Molion: Vai diminuir a radiação que chega e isso vai contribuir para diminuir a temperatura global. Mas tem outro fator interno que vai reduzir o clima global: os oceanos e a grande quantidade de calor armazenada neles. Hoje em dia, existem boias que têm a capacidade de mergulhar até 2.000 metros de profundidade e se deslocar com as correntes. Elas vão registrando temperatura, salinidade, e fazem uma amostragem. Essas boias indicam que os oceanos estão perdendo calor. Como eles constituem 71% da superfície terrestre, claro que têm um papel importante no clima da Terra. O [oceano] Pacífico representa 35% da superfície, e ele tem dado mostras de que está se resfriando desde 1999, 2000. Da última vez que ele ficou frio na região tropical foi entre 1947 e 1976. Portanto, permaneceu 30 anos resfriado.
UOL: Esse resfriamento vai se repetir, então, nos próximos anos?
Molion: Naquela época houve redução de temperatura, e houve a coincidência da segunda Guerra Mundial, quando a globalização começou pra valer. Para produzir, os países tinham que consumir mais petróleo e carvão, e as emissões de carbono se intensificaram. Mas durante 30 anos houve resfriamento e se falava até em uma nova era glacial. Depois, por coincidência, na metade de 1976 o oceano ficou quente e houve um aquecimento da temperatura global. Surgiram então umas pessoas - algumas das que falavam da nova era glacial - que disseram que estava ocorrendo um aquecimento e que o homem era responsável por isso.
UOL: O senhor diz que o Pacífico esfriou, mas as temperaturas médias Terra estão maiores, segundo a maioria dos estudos apresentados.
Molion: Depende de como se mede.
UOL: Mede-se errado hoje?
Molion: Não é um problema de medir, em si, mas as estações estão sendo utilizadas, infelizmente, com um viés de que há aquecimento.
UOL: O senhor está afirmando que há direcionamento?
Molion: Há. Há umas seis semanas, hackers entraram nos computadores da East Anglia, na Inglaterra, que é um braço direto do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática], e eles baixaram mais de mil e-mails. Alguns deles são comprometedores. Manipularam uma série para que, ao invés de mostrar um resfriamento, mostrassem um aquecimento.
UOL: Então o senhor garante existir uma manipulação?
Molion: Se você não quiser usar um termo tão forte, digamos que eles são ajustados para mostrar um aquecimento, que não é verdadeiro.
UOL: Se há tantos dados técnicos, por que essa discussão de aquecimento global? Os governos têm conhecimento disso ou eles também são enganados?
Molion: Essa é a grande dúvida. Na verdade, o aquecimento não é mais um assunto científico, embora alguns cientistas se engajem nisso. Ele passou a ser uma plataforma política e econômica. Da maneira como vejo, reduzir as emissões é reduzir a geração da energia elétrica, que é a base do desenvolvimento em qualquer lugar do mundo. Como existem países que têm a sua matriz calcada nos combustíveis fósseis, não há como diminuir a geração de energia elétrica sem reduzir a produção.
UOL: Isso traria um reflexo maior aos países ricos ou pobres?
Molion: O efeito maior seria aos países em desenvolvimento, certamente. Os desenvolvidos já têm uma estabilidade e podem reduzir marginalmente, por exemplo, melhorando o consumo dos aparelhos elétricos. Mas o aumento populacional vai exigir maior consumo. Se minha visão estiver correta, os paises fora dos trópicos vão sofrer um resfriamento global. E vão ter que consumir mais energia para não morrer de frio. E isso atinge todos os países desenvolvidos.
UOL: O senhor, então, contesta qualquer influência do homem na mudança de temperatura da Terra?
Molion: Os fluxos naturais dos oceanos, polos, vulcões e vegetação somam 200 bilhões de emissões por ano. A incerteza que temos desse número é de 40 bilhões para cima ou para baixo. O homem coloca apenas 6 bilhões, portanto a emissões humanas representam 3%. Se nessa conferência conseguirem reduzir a emissão pela metade, o que são 3 bilhões de toneladas em meio a 200 bilhões?Não vai mudar absolutamente nada no clima.
UOL: O senhor defende, então, que o Brasil não deveria assinar esse novo protocolo?
Molion: Dos quatro do bloco do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil é o único que aceita as coisas, que “abana o rabo” para essas questões. A Rússia não está nem aí, a China vai assinar por aparência. No Brasil, a maior parte das nossas emissões vem da queimadas, que significa a destruição das florestas. Tomara que nessa conferência saia alguma coisa boa para reduzir a destruição das florestas.
UOL: Mas a redução de emissões não traria nenhum benefício à humanidade?
Molion: A mídia coloca o CO2 como vilão, como um poluente, e não é. Ele é o gás da vida. Está provado que quando você dobra o CO2, a produção das plantas aumenta. Eu concordo que combustíveis fósseis sejam poluentes. Mas não por conta do CO2, e sim por causa dos outros constituintes, como o enxofre, por exemplo. Quando liberado, ele se combina com a umidade do ar e se transforma em gotícula de ácido sulfúrico e as pessoas inalam isso. Aí vêm os problemas pulmonares.
UOL: Se não há mecanismos capazes de medir a temperatura média da Terra, como o senhor prova que a temperatura está baixando?
Molion: A gente vê o resfriamento com invernos mais frios, geadas mais fortes, tardias e antecipadas. Veja o que aconteceu este ano no Canadá. Eles plantaram em abril, como sempre, e em 10 de junho houve uma geada severa que matou tudo e eles tiveram que replantar. Mas era fim da primavera, inicio de verão, e deveria ser quente. O Brasil sofre a mesma coisa. Em 1947, última vez que passamos por uma situação dessas, a frequência de geadas foi tão grande que acabou com a plantação de café no Paraná.
UOL: E quanto ao derretimento das geleiras?
Molion: Essa afirmação é fantasiosa. Na realidade, o que derrete é o gelo flutuante. E ele não aumenta o nível do mar.
UOL: Mas o mar não está avançando?
Molion: Não está. Há uma foto feita por desbravadores da Austrália em 1841 de uma marca onde estava o nível do mar, e hoje ela está no mesmo nível. Existem os lugares onde o mar avança e outros onde ele retrocede, mas não tem relação com a temperatura global.
UOL: O senhor viu algum avanço com o Protoclo de  Kyoto?
Molion: Nenhum. Entre 2002 e 2008, se propunham a reduzir em 5,2% as emissões e até agora as emissões continuam aumentando. Na Europa não houve redução nenhuma. Virou discursos de políticos que querem ser amigos do ambiente e ao mesmo tempo fazer crer que países subdesenvolvidos ou emergentes vão contribuir com um aquecimento. Considero como uma atitude neocolonialista.
UOL: O que a convenção de Copenhague poderia discutir de útil para o meio ambiente?
Molion: Certamente não seriam as emissões. Carbono não controla o clima. O que poderia ser discutido seria: melhorar as condições de prever os eventos, como grandes tempestades, furacões, secas; e buscar produzir adaptações do ser humano a isso, como produções de plantas que se adaptassem ao sertão nordestino, como menor necessidade de água. E com isso, reduzir as desigualdades sociais do mundo.
UOL: O senhor se sente uma voz solitária nesse discurso contra o aquecimento global?
Molion: Aqui no Brasil há algumas, e é crescente o número de pessoas contra o aquecimento global. O que posso dizer é que sou pioneiro. Um problema é que quem não é a favor do aquecimento global sofre retaliações, têm seus projetos reprovados e seus artigos não são aceitos para publicação. E eles [governos] estão prejudicando a Nação, a sociedade, e não a minha pessoa.

Uma verdade inconveniente em Copenhaga



Al Gore apareceu na conferência de Copenhaga mais uma vez como o herói do movimento ambientalista. Com aquele seu ar de salvador do mundo apareceu em Copenhaga com um ar triunfante e alarmista afirmando que um recente estudo mostra que o Ártico pode ficar sem gelo dentro de cinco anos. No seu discurso na Cimeira de Copenhaga, Al Gore afirmou:

“These figures are fresh. Some of the models suggest to Dr [Wieslav] Maslowski that there is a 75 per cent chance that the entire north polar ice cap, during the summer months, could be completely ice-free within five to seven years.”


No entanto, o climatologista que Al Gore citou, veio no mesmo dia desmenti-lo dizendo que não sabe como Gore chegou a esse valor e que "ele nunca tentaria estimar a possibilidade de qualquer coisa de forma tão precisa". Mas nem era preciso o Dr.Maslowski vir desmentir Al Gore. O ártico está perfeitamente normal como se pode constatar aqui e aqui.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Pergunta do dia

Como é que se pode levar a Cimeira de Copenhaga a sério se CO2 está a ser tratado como se fosse um gás poluente (coisa que não é)?

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Reduzir CO2 não impede aquecimento global




Para o professor Luiz Carlos Molion, representante da América Latina na Organização Meteorológica Mundial e pós-doutor em meteorologia, as reduções de emissões de carbono propostas pela 15ª Conferência das Partes sobre o Clima (COP-15), não vão produzir efeito no clima mundial, "o gás carbônico não controla o clima global", garante.
- A quantidade de carbono lançada pelo homem é ínfima, é irrisória, se comparada com os fluxos naturais dos oceanos, solo e vegetação. Para a atmosfera, saem 200 bilhões de toneladas de carbono por ano. O homem só lança seis.

"De todas as pessoas que estão aqui no Brasil, talvez eu seja o climatologista mais sênior". Molion estuda o clima desde 1970 e conta que, quando concluiu seu doutorado, há 35 anos, nos Estados Unidos, o "consenso" da época era que o mundo estava em uma Era Glacial. Hoje, ele também leciona na Universidade Federal de Alagoas.
Na sua avaliação Copenhague "é um discurso que não vai adiante", pois, à medida em que a população aumenta, há a necessidade de gerar mais energia elétrica.
- Como incluir essas pessoas sem aumentar o consumo? Não existe como. Somos ainda muito dependentes dos combustíveis fósseis. Acho que vai ter muito discurso em Copenhague, vão fazer muitas promessas, mas são só demagógicas. Não tem como cumprir essas metas. Se você olhar o Protocolo de Kyoto, a Europa não reduziu absolutamente nada, ao contrário. Conversa é conversa, na prática não há como fazer isso.
O pós-doutor em meteorologia e membro do Instituto de Estudos Avançados de Berlim garante, baseado em estudos de paleoclimatologia (estudo das variações climáticas ao longo da história da Terra), que as mudanças do clima são muito complexas para serem influenciáveis pelo ser humano.
Leia os principais trechos da entrevista:
Qual a opinião do senhor sobre as movimentações em torno da Conferência do Clima? 
Essas reduções de emissões de carbono não vão produzir efeito nenhum no clima. O gás carbônico não controla o clima global. Isto já foi demonstrado com pesquisas feitas no que nós chamamos de paleoclimatologia, em que se tenta reconstruir o clima passado, com base nos cilindros de gelo da estação de Vostok, na Antártica. O cilindro de gelo retirado de lá, que reconstitui os últimos 4.020 anos, mostra claramente que já houve períodos em que tivemos temperaturas altas e baixa presença de CO2 na atmosfera. 
Ocorreu forte aquecimento entre 1925 e 1946, e nessa época, o homem lançava na atmosfera menos de 10% do carbono do que lança hoje. Então, aquele aquecimento, que é ainda maior do que esse atual, na realidade foi explicado por fenômenos naturais. O sol esteve mais 'ativo' nessa primeira metade do século XX. Além disso, foi um período que praticamente não ocorreram erupções vulcânicas. Assim, a atmosfera ficou mais limpa e entrou mais radiação solar, causando o aquecimento. 
Todos os recordes de temperatura nos Estados Unidos, que têm uma série de dados bastante longa, ainda são daquela década de 1930.

Como essas temperaturas são medidas? 
Termômetros na superfície. O problema é que eles estão sujeitos aos fenômenos de ilha de calor, muito comuns nas cidades. E a maior parte desses termômetros está em cidades que sofrem esses efeitos da urbanização.

Como seria mais seguro medir as temperaturas mundiais? 
Tem um sistema a bordo de satélites que leva a sigla MSU, um sensor de microondas que existe desde 1968. Ele indica que, nesses 30 anos passados, não há um aumento significativo de temperatura. Houve um aquecimento entre 77 e 99, que coincide com o aquecimento do Oceano Pacífico Tropical. Os oceanos são grandes controladores do clima, em particular o Pacífico, porque ele sozinho ocupa 35% da superfície terrestre. Então, quando ele se aquece, o clima também fica mais quente: A atmosfera, o ar, é aquecido por baixo, as temperaturas mais elevadas estão próximas da superfície.
Desde 1999, o Oceano Pacífico esfria. Hoje, não só monitoramos os oceanos, mas existem mais de 3.200 boias à deriva e mergulhadoras. Elas mergulham até 2.000 metros de profundidade, se deslocam com a corrente marinha e nove dias depois elas sobem, e passam os dados para o satélite. Esse sistema mostra que os oceanos, de maneira geral, estão esfriando nos últimos seis, sete anos. E, nos últimos 10 anos, a concentração de CO2 continua subindo.

Mas há uma sensação de que existem muitas mudanças climáticas ocorrendo no mundo... 
Não. O que acontece é que hoje, a população está mais vulnerável aos fenômenos meteorológicos. Na realidade, os fenômenos intensos sempre ocorreram no passado. Por exemplo, a maior seca do nordeste foi em 1877 até 1879. O furacão americano mais mortífero foi no Texas em 1900. Então, temos esses eventos intensos que ocorreram numa época em que o homem não lançava a quantidade que lança hoje. Aliás, a quantidade de carbono lançada pelo homem é ínfima, é irrisória, se comparada com os fluxos naturais dos oceanos, solo e vegetação. Para atmosfera, saem 200 bilhões de toneladas de carbono por ano. O homem só lança seis.
Qual a incerteza que nós temos nesses ciclos naturais? É de 40 bilhões de toneladas para cima e para baixo. Ou seja, existe uma incerteza de 80 bilhões que é oito vezes maior que o que o homem lança na atmosfera. Não tem como se controlar o carbono. E se controlar, se reduzir as emissões, não haverá impacto nenhum no clima. O clima hoje deixou de ser um problema científico, ele é um problema político-econômico.

Como assim? 
Hoje a matriz energética mundial, com exceção do Brasil, que é um país privilegiado, está baseada nos combustíveis fósseis (petróleo e carvão mineral, principalmente). Quando se diz, 'vamos reduzir as emissões', o que se quer dizer é: 'Vamos reduzir a geração de energia elétrica'. Os países não crescem. Tudo está baseado na energia elétrica. Isso vai afetar um desenvolvimento social e econômico dos países.

Mas, de acordo com esse raciocínio, os EUA seriam os maiores interessados em um acordo climático e, no momento, eles parecem ser o maior empecilho... 
Os Estados Unidos adorariam que a China reduzisse as suas emissões. Os EUA estão "pendurados", a China tem cerca de 700 bilhões de dólares em papéis do tesouro americano. A ida de Obama à China, no mês passado, visou à redução de emissões da potência oriental.

Mas a redução seria mundial, a China não seria a única a reduzir, os EUA também reduziriam... 
Uma coisa é você já estar com a sua população em condições humanas adequadas, como é o caso da Europa, dos EUA, do Canadá. Outros países, como é o caso do Brasil, e todos os países latinos e africanos, ainda não têm. Então, precisaria desenvolver, não consumindo como se consome nos EUA, mas com condições adequadas para viver, saúde, educação... Para os países subdesenvolvidos e emergentes, excetuando-se o Brasil, reduzir significa gerar menos energia elétrica. Em muitos países só tem carvão mineral e petróleo para gerar energia. Eu não quero dizer com isso, que nós devemos sair por aí depredando o meio ambiente, tem que haver mudanças de hábito de consumos, mas as emissões de carbono não são o caminho correto.

O senhor levanta questões sobre o clima que parecem, nos jornais e nas reuniões políticas, serem consensos. Quem fabricou esse consenso? 
Não existem consensos na ciência, ciência não é política, é experimentação. A ciência progride pelos contras que vão surgindo. Se você tem uma teoria e mostra que ela vale, e se surge um único experimento que diz o contrário, então você tem que repensar toda a teoria. Consensos são políticos, cientificamente eles não existem, cientificamente existem experimentações.

Então porque a impressão do consenso? 
Existe uma trama por detrás disso tudo. Países como os do G7. Eles já não dispõem de recursos naturais, recursos energéticos. Por outro lado, eles não querem perder a hegemonia.

Os pesquisadores que vão de encontro a esse "consenso" sofrem algum tipo de represália? 
Sim, mas isso é normal. A gente é perseguido, taxado como um indivíduo desatualizado e tem mais dificuldade de conseguir verba para pesquisa. Mas, de todas as pessoas que estão aqui no Brasil, talvez eu seja o climatologista mais
sênior. Estudo clima há setenta anos e conclui meu doutorado há 35 anos, nos Estados Unidos. No período que eu fazia meu doutorado, o clima estava tão frio que o "consenso" da época era que nós estávamos entrando numa Era Glacial. O clima é muito complexo e jamais poderia ser dominado pelo CO2. Ao contrário, o CO2 é resultante do aumento da temperatura, quando a temperatura aumenta os oceanos liberam mais CO2.
Mas a vantagem dessa discussão toda em torno das mudanças climáticas é colocar o meio-ambiente em pauta. 
É, mas não da maneira correta. Quando você olha para os livros didáticos das crianças, diz lá que o homem está destruindo a camada de ozônio, que a Terra está se aquecendo, que o nível do mar vai subir... Isso está errado! O que nós estamos fazendo? Educação ou lavagem cerebral? Na minha opinião, olhando todos os indicadores climáticos, nós vamos ter um resfriamento climático nos próximos vinte anos. O que vai acontecer com essa criançada quando eles perceberem que, ao invés de aquecer, está esfriando, e que esse esfriamento é muito pior para a humanidade?

Os países parecem dispostos a fazer acordos de redução em Copenhague... 
É um discurso que não vai adiante. À medida em que a população aumenta, há a necessidade de mais energia elétrica, se a gente quiser incluir esse pessoal em uma sociedade que viva adequadamente. Como incluir essas pessoas sem aumentar o consumo? Não existe como. Somos ainda muito dependentes dos combustíveis fósseis. Acho que vai ter muito discurso em Copenhague, vão fazer muitas promessas, mas são só demagógicas. Não tem como cumprir essas metas. Se você olhar o Protocolo de Kyoto, a Europa não reduziu absolutamente nada, ao contrário. Conversa é conversa, na prática, não há como fazer isso.