quarta-feira, 24 de março de 2010

A solução final. Obrigado Keynes

por André Macedo, Publicado em 24 de Março de 2010


No dia em que os pilotos da TAP desistiram da greve, falemos de outra companhia aérea falida. E de como o futuro está escrito nos céus


No início deste mês, o Japão inaugurou o seu 98.o aeroporto, o Shizuoka Fuji, ao pé da célebre montanha. Dois meses antes, a Japan Airlines (JAL), a companhia de bandeira famosa pelo magnífico sushi a bordo e pelas hospedeiras de sonho, declarou bancarrota. Alguma relação entre o primeiro e o segundo facto? Claro: a JAL era uma espécie de samurai falido há já muitos anos, mas foi a crise - menos pessoas a viajar, menos transporte de carga nos gigantes 747 - a decretar o golpe de misericórdia numa empresa que já estava moribunda.

Mas antes desta última gota envenenada - a crise mundial ? que tem levado à falência companhias aéreas em todo o mundo, outro detalhe ajudou a multiplicar as probabilidades de falência da JAL: a quantidade absurda de aeroportos construídos por todo o país. Estes 98 elefantes brancos funcionaram como uma espécie de tsunami para a companhia aérea. Forçada a voar para estas rotas por sucessivos governos paternalistas, um terço dos voos internos da JAL tinha uma taxa de ocupação inferior a 50%. E apenas 11 destas 151 rotas preenchia 70% dos lugares - o número mágico que separa o lucro do prejuízo.

Apesar desta evidência, a JAL nunca conseguiu travar a viagem fatal para a tragédia. E não conseguiu porquê?

A resposta está, como sempre, no pior lado da política. Os sucessivos governos japoneses, pressionados por uma economia deflacionária desde os anos 90, agarraram-se às teorias de Keynes para tentar ressuscitar o país. Construir aeroportos e outras obras públicas mirabolantes foi - hélas! - o caminho escolhido. Afinal, Keynes recomendava que, em caso de necessidade, os estados até abrissem e fechassem buracos para estimular a economia. O Japão cumpriu à letra - e fez aeroportos que se revelaram autênticas crateras para as empresas envolvidas na gestão dos espaços e para as companhias aéreas forçadas a voar para sítios inúteis.

A lição é evidente: obras públicas faraónicas são um falso remédio. A prazo tornam-se sempre um cadafalso para as empresas envolvidas - ganham no imediato, perdem a prazo se as tiverem de gerir - e para os cofres públicos obrigados a subsidiá-las eternamente. No meio do desespero podem parecer uma solução genial, mas demasiadas vezes convertem-se em solução final para os contribuintes, financiadores passivos destes disparates patrióticos.

A JAL é apenas uma metáfora das muitas do género que há por esse mundo fora, mas apesar do alto risco destas políticas públicas, os governos insistem em apostar nas miragens do betão. Comboios de alta velocidade deficitários e outras infra-estruturas ineficientes são pedras que conduzem ao fundo, não ao esplendoroso nirvana económico.

O tempo que vivemos é de grandes escolhas. Optar pelo TVG, pela terceira ponte sobre o Tejo ou por um novo aeroporto será apenas a via rápida para a falência. Seria bom que, desta vez, Sócrates não fosse Sócrates. Aqui - e só aqui - ele deveria ser Ferreira Leite.



Fonte: i

terça-feira, 23 de março de 2010

Algo cheira mal na China

Algo cheira mal na China e isto tem sinais fortes de que não vai acabar nada bem. O modelo de Capitalismo de Estado chinês tem estado a criar uma bolha imobiliária como nunca vimos antes. O que se está a passar na China com autênticas cidades fantasmas quando estoirar vai fazer parecer a bolha imobiliária dos EUA (a que originou a crise financeira e económica mundial que estamos a viver) uma brincadeira de crianças.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Thinking out of the box: Algumas propostas para Sócrates


Um banco de ideias para sair da crise

por André Macedo, Publicado em 18 de Março de 2010 
A Irlanda pediu ao país que sugerisse ideias para sair da crise sem predecentes em que se encontra. É um exemplo a seguir?

O governo irlandês acaba de lançar uma competição nacional pedindo às pessoas que contribuam com ideias que possam ser transformadas em novos negócios, criem emprego e devolvam o clima de confiança que reinava antes da crise. O tigre celta quer voltar a rugir e está disposto a usar os melhores recursos que o país tem para o conseguir: os irlandeses. Quando não há dinheiro, sobram as ideias - e, portanto, o melhor caminho passa por aqui.

Adrian Zecha, fundador do resort de luxo Aman - um dos melhores do mundo -, costumava dizer, sem grande elegância, que não vale a pena defecar como um pássaro, mais vale fazê-lo como um elefante. Apesar da surpreendente falta de cerimónia - ainda mais forte quando retirada do contexto -, o ponto de Adrian Zecha era simples: nas situações mais difíceis e perante as maiores dificuldades não vale a pena espirrar timidamente um par de soluções, a única saída é executar com confiança um plano ousado capaz de mudar o statu quo ou, pelo menos, iniciar essa mudança radical de paradigma.

É isso que a Irlanda quer fazer. Não lhe basta congelar salários, cortar bónus e reduzir a despesa pública. Essas são as receitas habituais para cortar um défice público que rivaliza com os Himalaias: à volta dos 12%. O governo irlandês quer encontrar uma alternativa capaz de ajudar o país a sair da crise e está disposto a pedir ajuda a quem a quiser dar. O concurso, na verdade um desafio, aceita a contribuição de todos, estrangeiros incluídos (pág. 24).

Os cínicos dirão que se trata apenas de uma campanha de relações públicas ou de um miserável truque publicitário. Têm razão, mas só em parte. Um dos objectivos políticos é seguramente o de tentar ajudar o governo a recuperar da imagem desgraçada em que mergulhou - apesar desta tentativa de face lift não ser crime nenhum. No entanto, há outras dimensões da iniciativa que convém sublinhar.

Por um lado, a dimensão da catástrofe é tão grande que não se resolverá sem o envolvimento e o sacrifício de todos. Ora, nada melhor de que uma campanha nacional para assumir esta mensagem e credibilizar o esforço. Finalmente, a campanha servirá também como foco para o governo irlandês. Aprovadas as ideias, elas servirão de meta e de compromisso para as novas políticas públicas.

A Irlanda inspirou-se no melhor que há no marketing. Nos Estados Unidos há um banco que obriga todos os funcionários a atender os telefones e a receber os clientes com a frase: bem-vindo ao melhor banco do mundo! Como é evidente, esse pequeno banco regional não é o melhor do mundo, mas a frase não é apenas uma frase, é um compromisso que inicia todos os contactos. Assim, os clientes sentem-se sempre no direito de exigir melhores serviços; e os funcionários, mesmo nas manhãs de azia, sabem que têm essa meta a atingir. Para vincar ainda mais este esforço, o mesmo banco aboliu os balcões: clientes e funcionários sentam-se lado a lado, sem barreiras. No fundo, é o princípio seguido pela Irlanda: reduzir o fosso entre governo e governados. Não é Sócrates o génio do marketing?

Fonte

sexta-feira, 12 de março de 2010

Grandes frases




~








it take a big idea to attract the attention of consumers and get thme to buy your product.
David Ogilvy Advertising Guru and Founder of Ogilvy & Mather

Emigramos ou vamos à luta?


O que têm em comum os resultados de grandes empresas portuguesas não-financeiras, como a EDP, PT, Jerónimo Martins, Efacec, Cimpor?
Quase todos mostram que a maior parte dos seus proventos já vêm dos mercados externos. Isso é bom ou mau? Depende. Numa primeira leitura é obviamente positivo. Quer dizer que as empresas portuguesas conseguiram expandir-se e que o seu processo de internacionalização tem corrido bem. Tornaram-se empresas, se não globais, pelo menos multinacionais. E não apenas por causa dos mercados onde estão presentes. Também os seus colaboradores passaram a ser oriundos de várias nações. Isso torna-as mais talentosas, mais fortes internamente, mais capazes de responder aos desafios da globalização e às ameaças da concorrência, mais inovadoras, mais cosmopolitas, mais capazes de aproveitar as oportunidades.
Há, no entanto, um lado menos positivo desta evolução. E isso tem que ver com o facto desta expansão externa das empresas portuguesas se dever também, em parte, à estagnação desde há uma década do mercado interno, com a economia nacional a registar crescimentos tristemente anémicos. Foram obrigadas a procurar externamente aquilo que não encontram no mercado interno.
Mas isso tem consequências, a principal das quais é traduzida no escassear de oportunidades de emprego para os jovens licenciados portugueses. Com efeito, as referidas empresas são dos maiores empregadores nacionais. Se crescem sobretudo nos mercados externos, é lá que recrutarão colaboradores locais para apoiar essa expansão. A emigração é então o caminho que resta a quem se preparou arduamente para um emprego tecnicamente exigente e não encontra trabalho em Portugal compatível com o esforço que desenvolveu. E assim cerca de 30 mil cidadãos deixam anualmente Portugal em busca de oportunidades que não encontram no seu próprio país.
Retenho duas frases publicadas no Expresso da semana passada. Uma de António Barreto: "O facto de haver hoje uma emigração quase tão significativa como há 40 anos é dos factos mais reveladores da fragilidade da economia e da sociedade". Outra de Ilídio Pinho: "A continuar assim, não há orçamento que resista e acabaremos por ser fabricantes de criados e de criadas para a Europa e para o mundo". Estas afirmações sintetizam o ponto em que nos encontramos. Apesar do muito que progredimos desde 1974, a década de 2000 foi duplamente perdida: internamente e na comparação com os outros Estados da União Europeia.
Chegados aqui, contudo, só restam dois caminhos: ou baixamos os braços e cada um procura resolver os seus problemas; ou vamos à luta e tentamos ultrapassar colectivamente a situação em que nos encontramos. Por mim, escolho a segunda opção. Não só por mim. Também por todos os que lutaram para que este país fosse e se mantivesse independente desde 1143. E também pela responsabilidade que temos para com as novas gerações de lhes deixar um país melhor, mais moderno e competitivo do que aquele que encontrámos. Mas esta segunda via implica a consciência de que: 1) temos vivido acima das nossas possibilidades; 2) todos temos de fazer sacrifícios para ultrapassar a situação. Sem a aguda consciência destas duas variáveis, o melhor mesmo é emigrar.
Nicolau Santos
Ler resto do artigo aqui

quinta-feira, 11 de março de 2010

O marketing da política (parte 2)

por Pedro Bidarra, Publicado em 09 de Março de 2010 


UMA AMIGA, vinte e seis anos, inteligente, culta e bem-educada, disse-me, meio envergonhada, que nunca tinha votado. A razão era lógica. Sendo madeirense, embora vivendo cá há mais de dez anos, mantinha residência na Madeira para ter bilhetes de avião mais baratos. Enfim, tinha um benefício por não votar. Quem a pode condenar?

Pensemos na últimas eleições legislativas e no que foi dito.

Eu fiz um esforço e não me lembrei de nada. Depois fiz algumas perguntas e lá me veio à memória o TGV, as escutas e... E isto é muito perto de nada. Assim a política e a democracia não ganham consumidores.

Que benefícios foram apresentados, que promessas, que visões? Quanta esperança nos foi dada no futuro? Ou, mais simples ainda, lembra-se de algum diagnóstico pertinente e inspirador, de algum "insight" sobre os portugueses ou Portugal? Algo que o tenha tocado e feito sentir que estavam a falar consigo? Ouve alguma ideia mobilizadora que lhe apetecesse abraçar, que o fizesse acreditar? Lembra-se de alguma coisa?

A política que cá se faz hoje é cheia de diagnósticos consensuais e opiniões contraditórias que somam zero. Os benefícios que os nossos partidos hoje prometem são menores que um desconto num voo para a Madeira. São embalagens vazias de esperança, de visão, de ideias; produtos anacrónicos, espécie de sabão azul e branco que cada vez menos os consumidores quererão usar. É urgente que as grandes marcas da democracia portuguesa, que são os partidos, reencontrem tanto os motivadores da participação como os discriminadores que fazem optar - isto é, o que os torna diferentes e nos ajuda a escolher. A isto chama-se marketing. Só depois vem a comunicação.


Vice-presidente da BBDO


Fonte: i


Recomendo também a leitura da 1ª parte do Marketing da Política

Thinking out of the box: Algumas propostas para Sócrates

Mexer com o IRS. O modelo actual com uma taxa progressiva em que quanto mais se ganha maior é o imposto é um desincentivo ao trabalho. Sócrates e o PS não percebem isto. Em vez das medidas folclóricas que apresentaram no PEC deveriam ter apostado numa destas duas alternativas já sugerida pelo economista português Ricardo Reis há uns anos numa entrevista dada à revista Visão:

1) Aplicar uma taxa de IRS única e positiva com nível de isenção alto é muito mais eficiente a promover trabalho. Por exemplo quem ganha até 40mil euros/ano, paga zero. A partir de 40mil euros, por cada euro mais que ganhe paga por exemplo 30% ou 25%. 
ou
2)Taxar o apenas o consumo através de IVA, e abolir completamente o IRS seria também outra proposta possível que teria efeitos muito mais positivos na economia do que qualquer pacote de investimentos públicos. o IRS é um imposto injusto pois taxa consumo e poupanças. Se o Estado português cobrasse apenas IVA estaria a taxar apenas o consumo.A ideia central aqui é que todo a poupança será consumo futuro. O Estado português ao cobrar IRS e IVA taxa duplamente as poupanças e cria um distorção enorme. Há economistas que calculam que se esta medida fosse implementada um país seria 20%, 30%, 40% mais rico.

Leitura recomendada


Pedro Santos Guerreiro
Seis mil milhões de razões erradas para privatizar
Queriam o Estado fora da economia? Queriam o Governo fora das empresas? Tomai. Tomai redução da despesa do Estado no PIB. Tomai menos funcionário públicos. Tomai EDP, REN, TAP, tomai Galp, CTT, seguros da CGD, tomai sabe-se lá o que mais. A necessidade...

Queriam o Estado fora da economia? Queriam o Governo fora das empresas? Tomai. Tomai redução da despesa do Estado no PIB. Tomai menos funcionário públicos. Tomai EDP, REN, TAP, tomai Galp, CTT, seguros da CGD, tomai sabe-se lá o que mais. A necessidade fez do PS um Governo liberal.

A ironia é total: a crise que obrigara o Estado a entrar pela economia adentro criou-lhe custos tão grandes que serão pagos à custa da sua saída de lá. Veja-se a enormidade de receita orçamentada até 2013: seis mil milhões de euros. Eu repito: €6.000.000.000. Ou o Estado anda a brincar aos orçamentos (como as autarquias despudoradamente fazem com previsões de vendas de património que não concretizam), ou este Programa de Estabilidade e Crescimento contém o mais súbito programa de privatizações alguma vez feito em Portugal.

O Estado não anda a brincar aos PEC. Não pode. Porque essa receita, que não abate ao défice orçamental, vai directa para reduzir encargos com a dívida. Vai para os credores: o dinheiro nem aquece nos cofres do Estado.

Estava escrito. Não nas estrelas, mas nos livros de economia, que os primeiros-ministros não lêem. É um dos problemas portugueses: a atrevida ignorância dos que nos governam. Cavaco Silva foi um primeiro-ministro limitado mas sabia de economia. Os que se lhe seguiram horrorizaram-se com a tecnocracia. O resultado económico está à vista: Guterres foi complacente, Durão um dissidente, Santana foi indiferente e Sócrates é detergente. Nenhum destes entes quis ler, ouvir ou crer na economia.

Os nossos dramas têm a sua própria cacofonia: o problema é défice orçamental, é a dívida pública, é a dívida externa, é o défice externo, é o crescimento económico? São todos e cada um, em círculo vicioso. Só o crescimento é pequeno, o resto é enorme.

O que escrevem os economistas há anos sobre o défice externo? Que a sua causa é a falta de competitividade. Que a sua consequência é a venda de activos. Ora o défice externo está nos 8,2% do PIB numa rota ascendente para 11,3% (em 2011, prevê o Banco de Portugal), o que o aproxima do pico de 1982 (11,8%), quando, sem divisas, recorremos ao FMI.

Venda de activos: EDP, REN, TAP, Galp, CTT, seguros da CGD. Mas não só. É a Cimpor como presságio de vendas privadas: a recente entrada de dois grandes accionistas brasileiros substituiu portugueses altamente endividados. O maior, a Teixeira Duarte, recebeu mil milhões de euros. Entraram-lhe por um ouvido e saíram-lhe pelo outro: foi directo para os bancos portugueses credores (BCP, sobretudo), que, por sua vez, devem a bancos estrangeiros. A Cimpor deixou de ser controlada por portugueses mas o dinheiro que entrou em Portugal a 100 saiu a 200.

A defesa dos Centros de Decisão Nacional e da importância do Estado nas empresas em sectores estratégicos tem sido aqui amplamente criticada. São proteccionismos que servem interesses particulares, prejudicam a concorrência e viabilizam instrumentalizações políticas. Mas não é por essas boas razões que o Estado se prepara para liquidar as suas participações mais valiosas. É por seis mil milhões de razões erradas. Dinheiro sem credo nem ideologia.

Não são apenas as empresas que vão ser postas à venda, é uma ideologia de esquerda que se vende. O liberalismo vence a política pelo seu mais poderoso argumento: dá dinheiro. E come incompetentes ao pequeno-almoço.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Sustainable fish farming

Dan Barber: How I fell in love with a fish | Video on TED.com

Paulo, o ranger do PSD

por José de Pina, Publicado em 10 de Março de 2010


PAULO RANGEL assusta-me. Não por ele ser o Pacheco Pereira sem barba, mas porque não posso confiar em alguém que, quando tinha dez anos, não sabia o nome de nenhum jogador de futebol, mas sabia os nomes de todos os ministros dos governos. Ainda por cima portuense, no tempo em que o FC Porto foi campeão com o Oliveira e o Gomes. Assusta- -me. Rangel, de certeza, era daqueles putos que nem sequer iam à baliza. Já Aguiar- Branco tem ar de ter sido um frangueiro e Passos Coelho do que levava a bola para casa se não o deixassem jogar a avançado. Rangel quer que a agricultura seja a prioridade estratégica da defesa nacional: toda a gente de sachola. Estas ideias só podem vir de alguém que está viciado no FarmVille do Facebook. Assusta-me. Rangel vem agora dizer que não quer consultores de imagem: "Vou ser eu próprio", disse. Esta frase, ridícula e paradoxal, tornou-se popular por ter sido muito utilizada pelos concorrentes do "Big Brother". Assusta-me. Será que quando Rangel desmentiu que seria candidato a líder do PSD não estava a ser ele próprio e agora, como candidato, sim, está a ser ele próprio? Uma coisa é de louvar: está a pôr em prática o seu slogan, entrou em ruptura com ele próprio. Isto de sermos nós próprios não é fácil. Por exemplo, Passos Coelho, durante os debates, actualiza o seu Twitter ppc2010. Afinal qual é o Passos Coelho ele próprio, o que está na TV ou o que está no Twitter? Já o problema de Aguiar-Branco não é ser, ou não, ele próprio; é as pessoas saberem quem ele é. O PSD assusta-me, o PPD nem por isso.

Argumentista/humorista



Fonte:i 

Aumento de impostos

Brilhante este post do Miguel Botelho Moniz n'O Insurgente. É caso mesmo para dizer que Sócrates anda em fase de negação.

Um pé(c) descalço, uma geração perdida

por André Macedo, Publicado em 10 de Março de 2010


O Plano de Estabilidade e Crescimento esqueceu-se do crescimento. Depois de uma década perdida, já lá vem outra a galope


Foi António Guterres quem usou pela primeira vez a expressão "não há uma segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão". Não importa que Guterres se tenha inspirado numa campanha publicitária do champô para a caspa "Head & Shoulders" com esse slogan; interessa saber que imagem ficou destas primeiras linhas do Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC).

A resposta não exige grandes meditações: na verdade, não estamos perante um PEC, mas perante um PE. José Sócrates e Teixeira dos Santos procuram de facto estabilizar as contas do Estado até 2013 através da redução do défice público, mas esqueceram-se, não foram capazes ou não quiseram dar substância política à última letra do PEC - a letra C, de crescimento.

Entre o PEC e o PE há uma enorme diferença. O PEC deveria ser um documento de política económica destinado a pôr em ordem as finanças do Estado para ajudar o país a crescer mais depressa. O PE é um documento menos ambicioso e com menos octanas, que se limita a tornar claro quais os recursos financeiros que o governo pretende usar para evitar a insolvência do Estado.

O primeiro juízo político que é possível fazer desta versão ainda reduzida do PE(C) é, portanto, a da sua falta de alcance económico: o que sobra em contabilidade e contas de somar (impostos) e subtrair (recursos às classes médias) falta em visão económica. É verdade: para os mercados internacionais e para a Comissão Europeia, esta visão de mercearia é o mais importante, já que traduz o compromisso de travar a corrida para a falência e para o incumprimento das responsabilidades externas. No entanto, se para os credores e parceiros da UE é suficiente esta jura de bom pagador, para consumo interno é curto.

Perante a gravidade das circunstâncias exigia-se mais esforço a Sócrates. Por exemplo, assumir que de facto está a aumentar os impostos não apenas a quem apresenta rendimentos superiores a 150 mil euros brutos anuais, mas a uma fatia mais alargada da população: é esse o efeito prático da redução dos benefícios fiscais. Disfarçar esta realidade não resolve nada e, como se viu, não escapou a ninguém com a cabeça em cima dos ombros. A caspa, como as meias verdades, é impossível de disfarçar.

Mas assumir os factos, além de um acto de inteligência política e de respeito pelos eleitores, teria um efeito instrumental: confrontado o país com a gravidade da crise e a violência das medidas inevitáveis (a que se juntará a subida dos juros), o governo ter-se-ia sentido forçado a indicar o objectivo maior do plano que apresentará em Bruxelas. Depois de uma década perdida, a nova que agora se anuncia ameaça tornar-se uma nova catástrofe social.

Além dos 500 mil desempregados, que vieram para ficar, as novas gerações que estão
a entrar no mercado de trabalho vão enfrentar condições duríssimas de sobrevivência. Muitos não serão capazes de sair de casa dos pais. Outros - alguns já com mais de 30 anos - terão de regressar perante a impossibilidade de encontrarem trabalhos capazes de os sustentar. Outros ainda terão de emigrar. O que o país lhes oferece são mais impostos e menos oportunidades. Talento e energia serão por isso desperdiçados. A geração rasca deu agora lugar à geração à rasca. Não é bonito, não é elegante, é apenas Portugal - apesar de Sócrates lavar sempre mais branco. Com ele é tudo uma campanha.



Fonte:i

Desconstruindo a teoria do aquecimento global

O mito do modelo estado-providência escandinavo







via mises


Mises Daily: Tuesday, March 09, 2010 by 
Obama seems hell-bent on expanding the US welfare state at any cost, and of course no welfare-state debate is complete without bringing up the Scandinavian countries as the perfect example of massive statism bringing prosperity. This seems to be a real conundrum, even for Austrians and other libertarians. Being a citizen of Sweden myself, I am often asked to give an explanation of these "bumblebee economies" that aren't supposed to be able to fly but still do.
It is always good to look at the history of a country when examining its economic performance. Stefan Karlsson did just that back in 2006 in an excellent article on the economic history of Sweden. I will therefore only give a brief overview of this subject before focusing on the central point of this article.
Karlsson wrote the following:
As a result of its free market policies, the resourcefulness of its people, and its successful avoidance of war, Sweden had the highest per-capita income growth in the world between 1870 and 1950, by which time Sweden had become one of the world's richest countries.
Indeed, thanks to its "neutrality" during WWII, Sweden was never bombed or invaded.[1] This left Sweden's industries intact and unharmed, which, along with its free-market-oriented economy, enabled the country to profit extensively from the reconstruction of war-torn continental Europe: Sweden exported huge amounts of goods and natural resources to the rest of Europe, fueling an economic boom in Sweden that lasted for over two decades.[2] As Karlsson points out, during this time "Sweden was still one of the freest economies in the world, and government spending relative to GDP was in fact below the American level."
On the back of this boom the Swedish government began setting up a massive welfare state throughout the 1950s, '60s and '70s, causing government spending to skyrocket to more than 50 percent of GDP. At one point during the mid-'70s, the top marginal tax rate was an unbelievable 102 percent.
One of the people who were burdened with this tax was Astrid Lindgren, the famous author of children's books best known for her Pippi Longstocking series. In 1976 she wrote a satirical short story published in one of Sweden's biggest newspapers, where she told the tale of a troubled children's-books author called Pomperipossa, who lived in the fictional kingdom of Monismania. Among other things, Pomperipossa pondered why the more she earned, the less she got to keep, and why people like her were being economically punished by the government simply for writing popular children's books. The story also mentions that in Monismania one could escape some of the taxes by purchasing real-estate property, which is exactly what the Swedish secretary of the treasury, Gunnar Sträng, had been doing at that time.
Lindgren's story stirred up a fierce tax debate in Sweden, and for the first time in 44 years the incumbent Social Democratic Party lost the general elections.
Figure 1
Figure 1
The vertical bars represent Sweden's economic freedom over time as measured by the Heritage index. The horizontal line represents the world average over time.
The Swedish economy was in an uphill struggle throughout the '70s, mainly because the increasingly socialist policies had caused the economy to stagnate and lag behind the rest of the world. Many other European countries had caught up with Sweden and its monstrous welfare state and were now outperforming the country economically.
In an effort to save the economy, the government carried out extensive reform and liberalizations throughout the '80s and '90s, cutting taxes and welfare expenditures, abolishing government monopolies, reducing regulation, floating the currency, and permitting more private alternatives in the public sector.
This increase in economic freedom is partially illustrated in Fig. 1, which comes from the Heritage Foundation's annual Index of Economic Freedom. The Heritage index ranks the world's countries according to their overall economic freedom. They are scored on a number of variables, including taxation, inflation, government size, labor freedom, trade freedom, etc. Karlsson critiqued the index's old methodology back in 2005 on Mises.org, but it has since been significantly improved, as Karlsson recognized in 2007. While the index is still not perfect, it does a good job of showing the general economic freedom of the world's countries relative to each other.
The index also reveals a crucial point: there's a common misperception that the Scandinavian countries are borderline Cuban in terms of economic freedom, while the rest of the developed world (particularly the United States) is far more free-market oriented. However, the reality is that the Scandinavian countries are among the top 10 and 20 "most liberalized" economies in the world, even despite their massive welfare states.
As the Heritage index shows, Sweden, Denmark, and Finland have more economic freedom than most of their European counterparts, including Germany, Austria, France, Belgium, Spain, Portugal, and Greece. While the Scandinavian countries do tend to have higher taxes and government spending than most other European states, the other states tend to have more regulation and less efficient and transparent legal systems, which cancel out the positive effects of the lower taxes.
If one compares the freest Western country on the index, which is Australia, with the least free Scandinavian country, which is Norway, the disparity is 13.2 points, or 16 percent. Comparing Australia with the top Scandinavian country of Denmark gives a difference of just 4.7 points, or 5.7 percent.
Another measurement that reveals a similar pattern is the World Bank's Ease of Doing Business Index, which measures the amount of bureaucracy and regulation one has to put up with when starting and running a business in any given country. Here too, the Scandinavian countries score in the top 10s and 20s, with their biggest burden typically being their stringent labor laws.
Denmark tends to perform better on both of these indexes than its Scandinavian neighbors, mainly thanks to far-more-flexible labor laws. In fact, as surprising as it may seem, Denmark is neck and neck with the United States on the current Heritage ranking. Denmark and the United States come in at #9 and #8 respectively. In January this year the Danish government also cut the top income-tax rate from a staggering 60 percent down to a lower (but still staggering) 50 percent. This will show up in next year's Heritage ranking, where Denmark will probably trade places with the United States.
Of course, in no shape or form are the Scandinavian countries free just because they score relatively high on these indexes, but they are nonetheless freer than most other countries, which is also why they tend to have a higher standard of living. This is the simple reason why the Scandinavian welfare states appear to "work well": because most alternatives are even worse, and in the land of the blind, the one-eyed man is king.

"The real point of all this is that the world at large is so unfree that even the massive Scandinavian welfare states can be considered among the 'most free' countries in the world."

Conclusion

We have seen that while the Scandinavian countries have extremely high amounts of what Rothbard called binary intervention, i.e., taxation, their saving grace is their relatively lower amount of triangular intervention, i.e., regulation. This puts the Scandinavian countries on a level playing field with other developed countries and helps explain why they are able to have equal or higher living standards. The misconception that the other Western countries are a lot more free-market oriented than Scandinavia is very unfortunate; it feeds the notion that more government expansion would bring joy and happiness to all, when in fact it would make things worse.
However, the real point of all this is that the world at large is so unfree that even the massive Scandinavian welfare states can be considered among the "most free" countries in the world. While things have generally moved in the right direction in Scandinavia in terms of increased economic freedom, the very opposite trend seems to be taking place in several other countries, particularly the United States. Seeing as the United States has already descended to the level of Denmark in terms of economic freedom, one can only wonder how long it will be before it finds itself approaching Finland, Norway, and Sweden.
Markus Bergström is a bachelor student in cognitive science at Umeå University, Sweden Send him mail. See Markus Bergstrom's article archives.