O Ministro das Finanças e o Primeiro-Ministro têm nos últimos dias vindo a público reafirmar que não vão aumentar os impostos até ao fim da legislatura e mostram-se confiantes na recuperação da economia portuguesa. É o papel deles. O problema é que por muito que jurem que não vão aumentar impostos não vai mesmo haver outra alternativa. Por muito que Sócrates confie no investimento público para salvar a economia portuguesa, Portugal atravessa um momento de tal maneira grave que é preciso que alguém lhe diga que se continuarmos assim caminhamos para o abismo- e ao contrário do que o Primeiro-Ministro diz a culpa não é da crise internacional. Basta olharmos para os números ultrajantes que reflectem aquilo que é a economia portuguesa. a preços acumulados e correntes, os impostos nacionais engordaram 964% entre 1985 e 2008. Isto tem sucedido por causa desse mito que existe em Portugal de que o Estado é o salvador da pátria e que sem Estado não há economia. E para alimentar o monstro do Estado a receita tem sido sempre a mesma: via impostos. Este peso brutal do Estado na economia só tem asfixiado Portugal e enquanto ninguém mexer nisto, quando a crise internacional passar Portugal cá continuará com os seus problemas estruturais de sempre (e por causa deles demorará mais tempo a recuperar): uma carga fiscal brutal, um peso do estado na economia brutal, uma máquina fiscal burocrata e complexa que não serve minimamente para atrair investimento directo estrangeiro de relevo e acima de tudo contas públicas completamente fora de controlo.
À conta do peso do estado, a dívida pública este ano está a bater recordes históricos e a culpa não é da crise internacional. A dívida pública já está nos 113% do PIB. Isto é dantesco e é surpreendente que não haja uma alma no parlamento português-dos partidos à esquerda à direita- que se mostre minimamente preocupado com o que aí vem. A dívida pública "oficial" representa já cerca de 81% do PIB e em 2010 deverá atingir os 90%. Somando-lhe o défice das empresas públicas e o dinheiro gasto com as Parcerias Público Privadas (as célebres PPP) a dívida pública já vai nos 113% do PIB. É bom lembrar que nestes últimos anos de Governo Sócrates temos assistido a um emagrecimento contabilístico do universo do Sector Público Administrativo (SPA), com a transformação de órgãos das administrações públicas em empresas ou entes públicos empresariais; e suborçamentação sistemática das indemnizações compensatórias pelo serviço público prestado pelas empresas públicas de transporte e das transferências para os hospitais, diminuindo artificialmente o défice público anual. tudo em nome da crença de que o Estado é a solução para salvar a economia nacional. Para se ter uma ideia do que aí pode vir não é preciso viajar no tempo. Basta viajarmos até ao Dubai e vermos o que lá está a acontecer. Passo a citar o excelente editorial do Martim Avillez Figueiredo escreveu na semana passada:
O cenário é portanto dantesto e Portugal caminha para a falência, mas o que é que ouvimos os nossos partidos políticos defender? O CDS pede redução de impostos (que é uma medida muito bonita na teoria mas na prática significa mais dívida externa e é bom lembrar que Portugal todos os anos só em juros paga 5mil milhões de euros). O PCP e o Bloco de esquerda querem mais Estado, aumentos de salários, reformas aos 40 anos de trabalho. O PS lá continua a defender mais investimento público. Ninguém parece é estar preocupado com quem paga e como se paga.
No curto prazo (provavelmente mais cedo do que muita gente imagina) não vai haver outra hipótese, os impostos vão ter que ser aumentados porque o dinheiro não cai do céu, mas isso nenhum político português parece querer admitir...
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