quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

A unanimidade é burra. Viva 2010

Hoje é o último dia da década. Por estas alturas muita gente lamenta que 2009 tenha sido um ano péssimo por causa da crise económica mundial. Há até quem se lamente pela década inteira que hoje acaba. No entanto, de nada não nos serve sermos derrotistas. John F.Kennedy um dia disse que numa crise devemos estar sempre em estado de alerta para os perigos da crise, mas devemos sempre também reconhecer as oportunidades. Há bons exemplos de pessoas e empresas que têm tido grande ideias e sido bem sucedidas como Miguel Macedo brilhantemente aponta no excelente artigo publicado hoje no i que partilho em baixo. O blog esperança do inconformismo deixa aos seus leitores votos de um bom ano. Acredito que a nível nacional infelizmente 2010 e a próxima década vão ser complicados como por cá já escrevi. Acredito que a nível internacional o pior desta crise económica ainda está para vir. Mas acredito também no poder das ideias e do empreendedorismo. Vem aí um grande ano (e década) mas apenas para quem quiser e fizer por isso. É só querer, procurar o que os outros não vêem, e acima de tudo arriscar e não estar sentado à espera que o Estado nos resolva o problemas. Que venha 2010.Que venha a nova década.


Há quem lhe chame o ano perdido. Há quem lhe chame a década perdida. Será? Não é verdade, há bons exemplos, há grandes ideias


Podíamos fechar o ano lembrando todas as catástrofes e desgraças que se acumularam este ano. Todos os erros políticos. Todos os excessos dos governantes. Todos os investimentos falhados e todo o dinheiro desbaratado. Não o vamos fazer. Não por moralismo ou piedade, apenas porque não há nada de novo a dizer. O país rumina os mesmos assuntos há demasiado tempo e encontra na incapacidade dos políticos a justificação para o próprio imobilismo. Chega de complacência e autocomiseração. 




Há bons exemplos - exemplos de pessoas normais -, que saem incólumes de 2009. Negócios que frutificaram, talentos que ganharam dimensão e aproveitaram as oportunidades. Talentos que nos indicam o caminho para 2010. Por exemplo, o de Catarina Portas. A empresária não era empresária, mas em 2004 teve uma ideia: olhar para produtos de design histórico português e ver no que dava. Começou sem objectivos gloriosos, foi visitar fábricas e falar com pessoas. Juntou produtos, fez alguns contratos com empresas e foi crescendo. Tudo o que ganhou reinvestiu e hoje tem uma loja no Chiado que está sempre cheia. A Cartier fechou. A Vida Portuguesa não tem espaço para tantos clientes. O Porto vem a seguir.

As pessoas gostam, as pessoas compram, as pessoas reconhecem que estão perante uma iniciativa comercial (não benemérita) que, embora tenha origem na história, tem as bases plantadas no futuro: os produtos são nacionais, não são chineses de má qualidade, não são produtos brancos. Não se trata de nacionalismo, apenas de bom senso: talvez um dia Catarina abra uma loja de produtos históricos franceses. Ou até chineses. Não interessa. Interessa que não ficou à espera de subsídios públicos ou que lhe indicassem o caminho. Viu uma oportunidade e ocupou um espaço que ninguém julgava existir. O caminho é esse. Procurar o que outros não vêem. Arriscar. Mesmo sem crédito da banca, foi o que Catarina Portas fez.

Há muitos anos, nos Estados Unidos, fizeram um inquérito a 50 estudantes das melhores universidades. Confirmada a superioridade intelectual do grupo, fizeram outras perguntas mais fáceis - destas cinco linhas, qual a mais comprida? -, mas antes de obter a resposta mostraram a cada um destes jovens cérebros brilhantes (o teste era individual) as respostas dos outros. Não eram as respostas verdadeiras, eram falsas, pretendiam apenas confundir. Dos 50 candidatos, um terço ignorou o que os seus olhos viam, copiaram, seguiram a (falsa) maioria. Resultado: indicaram como mais longa uma das linhas mais curtas.

Em Portugal, achamos que a maioria das pessoas pensa que não temos esperança, que nada funciona, que não vale a pena. É mentira, não estamos no fim da linha. A unanimidade é burra. Catarina Portas prova-o: acaba de abrir uma janela contra a corrente. Como diz Pedro Pina, 2010 será o ano dos empreendedores apaixonados: mais paixão igual a honestidade, autenticidade, esforço. Vem aí um grande ano para quem fizer.



por André Macedo, Publicado em 31 de Dezembro de 2009

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